tag:blogger.com,1999:blog-23117899153519311962024-03-21T21:12:00.414-03:00Um poeta de Ponta - PROSANeste blog, postarei os contos, crônicas e memórias de minha autoria, já publicados ou não em outros suportes, para figurar nesta gaveta-net, que, ao que parece, os tornará públicos: "Ninguém escreve algo para não ser lido". Espero que gostem e comentem. OBS.: O livrete, homônimo deste blog, é uma clara homenagem ao nosso maior romancista, Dalcídio Jurandir.
Um abraço.
(A maioria das imagens são tiradas da Internet: Google imagens)FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.comBlogger39125tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-19341384801542874392013-06-29T16:02:00.001-03:002013-06-29T16:04:57.376-03:00Apresentação<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">O texto abaixo é a apresentação do primeiro apostilado de poemas meus, reunidos em 2002. Resolvi transcrever aqui, já que não chegou a ser publicado. Como disse antes, este blog é a minha gaveta-net.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<em><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "A ideia de reunir em livro alguns dos meus escritos já era antiga e ganhou força quando do desejo de deixar uma lembrança minha aos colegas do curso de Letras da UFPA, campus de Castanhal, no fim de nossos estudos.</span></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><span style="font-family: Arial;"> Então resolvi fazer este livro com escritos que datam desde o primeiro grau até o ano de 1995. Distribuí em duas partes: a primeira, significando ideias, pensamentos, emoções, jogos com palavras dentro da faixa etária dos meus vinte anos; a segunda parte tem como tema as emoções, brincadeiras, reflexões e sensações dentro da perspectiva do inverso (da chuva) condicionando um lirismo ora melancólico ora brincante.</span></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><span style="font-family: Arial;"> Falo em "escritos" para deixar ao julgamento do leitor a possibilidade de encontrar neles poesia.</span></em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em><span style="font-family: Arial;"> Muitos outros poemas ainda aguardam a oportunidade de, quem sabe, participar de um segundo livro. Deixo um endereço no final do livro para sugestões, críticas e observações que o leitor queira fazer.</span></em></div>
<em><span style="font-family: Arial;"></span></em><br />
<div align="right">
<span style="font-size: x-small;"><span style="color: #666666;"><span style="font-family: Arial;">Jonas Furtado</span></span></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-69970204954591506602013-05-02T09:41:00.001-03:002013-05-06T19:31:01.617-03:00O mistério da pupunha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgygi2xnbQsd-EyM3-y2iQetWR9LHtzH3I2jND9R_7fKyOs83YbrCj0_gF1Knq8hwksXGzaK4JRX5nC2rSABaipPREPImxtyJNd1cUaAo8v4ChQxEppplnFZvpR4nPaufoORGnRU5bEN0U/s1600/o+mist%25C3%25A9rio+da+pupunha.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgygi2xnbQsd-EyM3-y2iQetWR9LHtzH3I2jND9R_7fKyOs83YbrCj0_gF1Knq8hwksXGzaK4JRX5nC2rSABaipPREPImxtyJNd1cUaAo8v4ChQxEppplnFZvpR4nPaufoORGnRU5bEN0U/s1600/o+mist%25C3%25A9rio+da+pupunha.jpg" /></a></div>
<span style="color: #666666; font-family: Calibri;"> “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ao lado dela se sentou um homem. Quando ela
pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um</i>.”</span><br />
<span style="color: #666666;"><em><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></em><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-size: xx-small; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">http://www.rivalcir.com.br/mensagens/mens2088.html</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-style: italic;"><o:p></o:p></span></span></span><br />
<br />
<div style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Essas
viagens de barco costumam ser longas; três horas já cansam nos dias de hoje.
Fico a imaginar como eram na época das velas - as canoas demoravam um dia
inteiro! para chegar a Belém, quando do vento escasso. Ainda bem que pertenço à
Era do motor a <em>diesel</em>; polui, é claro... Polui a água onde os peixes moram,
polui os ouvidos dos seres do mar, e polui, e polui, e polui. Mas chego mais
rápido ao meu destino; se ganha tempo, e se ganha, e se ganha.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Lembrei que em minha mochila havia um
saco de pupunha que comprara no trapiche. O rapazote "Pupunha, pupunha,
pupunha da boa!" que encheu meus olhos um amontoado, punhado assim, que
paguei pela aparência vistosa delas, das pupunhas. Tinha saído sem o café e as
iguarias cairiam bem com o servido na embarcação. Levantei pelo café. Andei pelo
barco a olhar a paisagem quase já decorada pelas tantas vezes que já vi; quase,
porque ainda que saiba a rota, sempre há um ângulo novo, sempre há um novo rio,
daí o dia ser diferente. Encontrei a bebida e voltei para o meu assento. Eu não
estava com fome; carecia daquele ritual matutino - mastigar algo ajudaria
passar o tempo. Levei a mão no saco de pupunha ao meu lado e fui alimentando o
pensamento sobre as paisagens. Percebi então, num quase toque de mãos, que uma
passageira ao lado também comia da mesma pupunha, do mesmo pacote. Não notara
antes a vizinha do lado, até que ela mergulhou a mão para apanhar uma pupunha,
da "minha pupunha!" Bom, tudo bem... Tinha o bastante para os dois -
era só um desjejum mesmo.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Notei depois que, a cada pupunha que
eu também tomava, ela agia com um cordial compartilhamento, o que me deixava
entender levemente que ela me fazia um favor comendo do “meu” caboclo lanchinho
matinal. Na verdade, era eu quem agia da mesma forma, afinal estava repartindo,
numa espontaneidade afável, aquele alimento; aquilo me fazia bem. "Mas por
que a viajante do lado não me pedira? Por que não se apresentou? Por que não
disse que também desejava comer da pupunha? Será que me conhecia?” Eu? Não, não
a conhecia.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O saco ainda meado, ali entre nós,
aberto como a ouvir as nossas mentes... Tentava eu imaginar também o pensamento
dela; não havia nada de investimento pessoal de ambas as partes - ela só
deixava escapar uma doce afeição de simpatia, no que eu também respondia com reciprocidade
comedida.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Os goles no café intercalavam as
imagens que se formavam na minha imaginação e as frases que daí também brotavam
- pupunheiras com poucos espinhos. O sabor seria completo se desse umas bocadas
na farinha que só havia em casa, especial feita por mim lá no forno,
perto do roçado. E o barco ia, e os minutos também, e as pupunhas desapareciam.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Verifiquei, com os olhos ladeados, as
pupunhas. A pupunha! A última que ainda havia, resolvi que seria da minha
companheira de refeição. Porém, ela não se servia; o jeito cordial dela me
comunicava um favor que simpaticamente eu lhe retribuía. “Deixar a última para
mim? Muito justo, já que o dono era eu”, pensei. Mas minha educação familiar me
impedia de tocar no fruto que sobrara. Decidi então oferecer a ela. Claro, ela
agradeceu, hesitou, mas tomou para si. A conversa atou-se, vaga e fática:
viagem boa, baía limpa, céu limpo, manhã ensolarada; soprava um leve *marajó
dançante pelo movimento do barco. "Limpa! Limpo! E a fumaça espirrada da descarga?!
E o óleo laminando a água?! Limpo estava o meu pacote sem pupunha! No entanto,
limpa estava a alma também pela boa ação que deixara acontecer...”</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A embarcação finalmente atracava no
porto da capital; despedimo-nos. Acredito que por polidez ela entregou-me seu
cartão, ou oferecia seus serviços de contadora. Muito atencioso,
guardei-o. Ela desapareceu entre os passageiros. Sua descrição aqui não se faz
necessária, além da que vagamente já mencionei; acrescento apenas que era uma
mulher jovem e educada, simpática. Minha vez de saltar; por algum motivo que me
escapou, o embrulho de pupunha, agora vazio, tinha ficado ali no banco entre os
dois lugares também vazios. Esse fato me retornou quando eu já ia longe.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em casa, fiquei na companhia de Kid
Abelha que cantava o final de semana feliz "mesmo duro ou com grana".
Abri minha mochila para desfazê-la; lá estava o saco de pupunha, <em><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">imexível</span></em>! como um ministro
de governo. "Meu Deus! Que vergonha!” Amorna meu rosto num enrubescimento
crescente. "Então, eu comia da pupunha da vizinha de viagem!" Poxa,
um sentimento de débito para com ela, e o pior é que talvez nós nunca mais nos
encontremos. Havia jeito? São esses lances estranhos que nos acontecem que nos
fazem sentir a vida com uma complexidade irônica, mas gostosamente aceitável,
porque nem tudo nessa vida está explicado, nem tudo nessa vida precisa ser
explicado. Degustei a pupunha como se fosse minha. "O que ela pensara de
mim?" Deve ter me considerado um tresloucado, um maluco viajante sem rumo,
sem lenço dentro da mochila e com poucos documentos na carteira: um enxerido!
Isso!</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Terminei com a mochila e remexi na
carteira. Seu cartão! Tinha então a oportunidade de me desculpar. "Comi da
sua pupunha, moça. Me perdoe! Jurava ser minha." Do outro lado, a mulher
também pedia "desculpa, seu moço!" numa embaraçosa entonação
suplicante, a dizer que pagaria as minhas pupunhas.</span></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Até hoje não entendi o que ocorrera.
Nem ela. E o mundo todo desanuvia e se entretém apenas nesse mistério.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: right;">
<em><span style="color: #999999;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-51619934227187306332013-04-25T12:42:00.000-03:002013-05-07T21:45:45.819-03:00Homenagem<div style="text-align: justify;">
<div align="right">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;"><em>Escrito por ocasião da aposentadoria </em></span></div>
<div align="right">
<em><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #999999;">da colega de trabalho, </span><span style="color: #999999;">professora Angelina.</span></span></em></div>
<div align="right">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;"><em>Aqui, represento a voz da amiga </em></span><span style="color: #999999;"><em><span style="font-size: x-small;">para homenageá-la.</span></em> </span></div>
<br />
"Aposentadoria chegando... Não quero saber da marca de sandálias que porei nos pés! Elas pouco sabem dos anos tantos de dura andança - trabalho dedicado e aperfeiçoado a cada etapa vencida - por uma educação melhor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não quero saber do adjetivo "inativo"... Porei sandálias novas para novos empenhos. Nada de pendurar as chuteiras (se fosse jogadora de futebol), muito menos guardar os livros (eles ficarão a vista para mais conhecimentos).</div>
<div style="text-align: justify;">
Como professora, vivi tempos de angústia... nem vale a pena lembrar; tempo de alegria... que num livro pode se transformar. Ensinei, aprendi; e o louro dessa lida me vem quando um aluno ou ex-aluno me cumprimenta, quer com um "Oi, professora" - ligeiro pelo dia-a-dia -, quer quando me tomam como nome de turma - honraria aceita por apreço e carinho... Eis o que sou para eles, meus alunos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aposentadoria!</div>
<div style="text-align: justify;">
Ih! Meus colegas... Nem pensar! Talvez um pouco de descanso porque os <em>sujeitos</em> já estão fartos de tanto<em> predicativos</em> que já lhes dei. Mas nossa família Escola mora sempre aqui no coração, pois ela sintetiza numa análise <em>morfosintática</em> as amizades que consquistei. Vou guardar os bons <em>substantivos</em>, próprios ou comuns, simples ou complexos, concretos ou abstratos... eles que se fizeram substância de amor e conteúdo: vida, em minha vida. Já catologuei os adjetivos para melhor usá-los, conforme as transparências amigas... Os <em>numerais,</em> os infinitos pelos sem número de alunos que por mim passaram, porque são hoje multiplicativos da boa fé, porque são cidadãos. Tenho autoridade sobre os <em>verbos</em>, e com eles interagirei sempre com a minha forma de comunicação, mostro estados, qualidades, fenômenos e ações pertinentes. <em>Artigos</em>, <em>pronomes</em> acompanharão e definirão o valor determinado pela pessoa pretérita, presente e futura que sou, ainda que às vezes imperfeita. <em>Preposições, advérbios, conjunções e interjeições</em> atazanarão sempre a minha mente; com eles teço também o fio da meada de minha história.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aposentadoria!</div>
<div style="text-align: justify;">
Usarei mais figuras de linguagem para tornar minha vida e dos que ao meu lado estiverem mais poéticas e vivificadas. As ambiguidades ficam na lembrança das brincadeiras dos colegas de trabalho e amigos, o que talvez me faça falta, e assim, por conta disso, apareça aqui (na escola) para perguntar se alguma professora colega 'já deu...', deu sua aula! Deixem molhar o bico!</div>
<div style="text-align: justify;">
Se tenho o que agradecer?!</div>
<div style="text-align: justify;">
Deveras! Minha gratidão segue diária aos céus, a Deus, com certeza aceita minha oração.</div>
<div style="text-align: justify;">
Bem-aventurança aos meus colegas que ficam na labuta, e a todos. Talvez eu até diga ao Jonas que no fundo no fundo eu gosto do 'tia Angeca'...</div>
<div style="text-align: justify;">
E nesse dia de festa, que a permissão me dada para discursar seja condecorada com a felicidade desses alunos que agora tomarão também novos caminhos na certeza de que agora são cidadãos de uma antiga esperança, aquela de um Brasil mais justo e fraterno.</div>
<div style="text-align: justify;">
Obrigada."</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<em><span style="color: #999999; font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-20355476713249930552013-03-11T19:36:00.003-03:002013-04-04T09:18:23.012-03:00Simbolismo - olhos de mim<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp3dH6Ky_9_5rJm4czD0Wsq9AjYs3Q0YeMrMLMt-c_artSf17OlV2anKhyphenhyphen65UzqDRBHa0DTQXBqeWFIpgPEb7OVy-x2734c9X3-MveBPvUrYOULfGxLFafXqt__73DsQpGGLKCRpDk1uQ/s1600/D+&+J.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp3dH6Ky_9_5rJm4czD0Wsq9AjYs3Q0YeMrMLMt-c_artSf17OlV2anKhyphenhyphen65UzqDRBHa0DTQXBqeWFIpgPEb7OVy-x2734c9X3-MveBPvUrYOULfGxLFafXqt__73DsQpGGLKCRpDk1uQ/s1600/D+&+J.jpg" width="150" /></a>Deu com os olhos dela perdidos na sua figura. Ao que percebeu, ela franziu a testa como a disfarçar aquela admiração, deixando a expressão tomar forma na força de um raciocínio que desvendaria a lógica daqueles exercícios. Mas foi apanhado de maduro aquele vislumbre... Não podia ser! E a tentativa de extravio de pensamento mais o fazia ver no desvio dos olhos dela o já impresso estranhamento da cena. Decidiu: seria indiferente àquela claridade que emanava de seu ser dócil e febril, de seu... sua face menina e (...). Tempo dado, exercícios resolvidos; e os dela pela metade... O que consentia a réplica: enganara-se? Uma interrogativa permitia a divagação de mais hipóteses. O que aqueles olhos claros lhe indagavam naquele momento? A que aspiravam? Sua condição era ignota naqueles pensamentos. O que estava acontecendo? Levantou-se a explicar as questões e a turma verificava as correspondências de suas falas com as escritas na folha dos cadernos. Queria ele certificar-se do que agora andava pousando em sua mente; haveria também uma correspondência por parte dele diante da delicadeza e paixão daquelas luminosas claridades, daquele sorriso admirador? Admirador e admirável como nunca fora antes. Assustou-se num atino de que tudo o que pressentia poderia ser apenas um reflexo do que assistia entre o físico e a indefinida música captada naquele instante. Droga! Tudo uma confusão! Se fosse... tarde demais para destrancar as imagens deixadas, porque a chave sorrateiramente escapou para o coração - lugar difícil de controle, lugar de dificílimo acesso. As tentativas de esvaziar a mente, os exercícios de auto-controle, nada produziu a química que arrombaria o esconderijo pulsante da designação... Plantara-se a ideia e ela agora crescia em solo fértil.</div>
<br />
<div align="right">
<em><span style="background-color: white; color: #999999; font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-29166698352638517842013-01-25T19:44:00.004-03:002013-04-04T09:33:10.768-03:0026 anos sem Dalcídio<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><i style="color: #666666;">O escrito abaixo foi encontrado em meio a alguns documento antigos.</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><i style="color: #666666;"> A</i><i style="color: #666666;"> publicação aqui tende a salvá-lo como lembrança da homenagem da ASPELPP-DJ (feita por mim) quando dos 26 anos de morte do nosso maior escritor.</i></span></div>
<div style="color: #666666; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwXeUMX_fS6SfTJom_KYBmtd7sYvBGN1ub0YqoHJdHLKcLdmrhFLpyLhgphjmQVYyErOQlEZJJa8ACmsOT7gpak7KguBB7YMlzO-8inWbr93j8LCsKi3l5e3hcvczBA6joY2hFNmDYj2E/s1600/PICT4849.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwXeUMX_fS6SfTJom_KYBmtd7sYvBGN1ub0YqoHJdHLKcLdmrhFLpyLhgphjmQVYyErOQlEZJJa8ACmsOT7gpak7KguBB7YMlzO-8inWbr93j8LCsKi3l5e3hcvczBA6joY2hFNmDYj2E/s200/PICT4849.JPG" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhem eu aqui, pretenso escritor citando o nome Dalcídio, o Dal dos Menezes amigos; Dalcídio Jurandir, cuja fama atravessa os rincões dos campos (queimados ou alagados - terra e água)... Mas, eu nessa história?</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois é. Contava, sei lá, 13, 14 anos e aquela música tocava na barraca da dona Xixita (minha querida avó), na feira, em tempo de Círio; aquela canção vinda de um compacto de vinil do meu amigo Itamar anunciava o título "Chove nos campos de Cachoeira" e o nome "Dalcídio Jurandir", que retratava o cenário de Marajó onde nasceu. "Título", "livro"...; coisa que sempre me fascinou: livro! Lia como quem tinha/tem um segredo de mistério por decifrar o conteúdo feito com letras (e gravuras) de um mundo que cabe nas mãos - lia com prazer os livros que emprestava da escola Eureliana Monteiro, ou de amigos; prezava muito os didáticos. Aprendi a ler porque me via, talvez, sozinho e confuso (o que me pareceu depois), mas aprendi a ler principalmente pelos estudos, pelos conhecimentos e, claro, pelo desvendamento de mundos que, como já falei, assentavam no papel.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, então. Idos tempos, num centro médico em Belém, para uma consulta, uma conhecida - ponta-pedrense como eu (nasci em Belém, bem verdade, mas só porque minha avó confiou na medicina da capital) - vendia num tabuleiro, não de frutas nem de café completo , ela vendia livros, dicionários, enciclopédias. Ela me reconheceu e me chamou; cumprimentei-a e fiquei a olhar os livros, só olhei. Um senhor também dava uma olhadela; depois ele tirou da sacola que trazia debaixo do braço um livro que lançou no ar sem soltá-lo: "Livros, esse sim é coisa que se preze", disse, mostrando um título de Dalcídio Jurandir (possivelmente o "<i>Chove</i>" da Cejup), e terminou com "Este sim é bom e é nosso!". Notei que no tabuleiro da conterrânea não havia nenhum livro de autor paraense - parecia mais ser uma divulgação de grandes editoras de São Paulo e Rio. Esse fato inspirou-me a escrever a crõnica "O velho e o livro".<br />
Lembro-me de que me deparei pela primeira vez com a obra <em>Marajó</em> na biblioteca pública de Ponta de Pedras - esse fato me levou a escrever o conto "Quando encontrei Dalcídio", especialmente para o II Colóquio Dalcídio Jurandir em Ponta de Pedras, pela Aspelpp-DJ organizado: primeiro lugar; sim, folheando o <em>Marajó</em> me vi vagueando numa vila que muito parecia a minha cidade do meu jardim de infância, e era mesmo! Embrenhei-me na leitura; era, acredito, o único jovem ponta-pedrense que lia Dalcídio, porque no meu meio estudantil, quando eu falava de uma descoberta, de um tesouro num báu imenso (que era a biblioteca, ainda localizada na Prefeitura antes da "Queimada"), ninguém reconhecia o tal escritor, ninguém. E já que citei a Aspelpp-DJ, em janeiro de 2004, a professora Angelina Rodrigues (que fazia TCC na obra de Dalcídio) e eu tivemos a ideia de fundar uma entidade de professores que visassem trabalhar a obra dalcidiana no município e divulgar fora dele; nesse mesmo mês, um grupo de professores fundou a ASPELPP-DJ (Associação de Professores para Estudos Literários de Ponta de Pedras - Dalcídio Jurandir), que segue até hoje em suas funções primeiras e que até então tem sido fundamental para os eventos literários no município de Ponta de Pedras, contando com mais de 20 membros associados.<br />
Nos concursos literários por ocasião do aniversário de nossa cidadezinha, algumas vezes, lancei-me timidamente com o conto "Um ponta-pedrense sonhador", inspirado na primeira página de <em>Chove</em>; o conto citava os "campos de Dalcídio", e a personagem principal (o menino Beco - sonhador) mais parecia um Alfredo sem caroço de tucumã. Premiado, continuei escrevendo - coisa que já gostava muito de fazer; inspiração não me faltava, dadas as leituras que já tinha feito (e ainda iria fazer).<br />
Mais tarde, já professor em Santana do Arari, descobri outro livro com contos e poemas de escritores paraenses, lá estava Dalcídio com "O velho e o miritizeiro", que, assim como dera tamanha visão poética de Bibiano no traçado com cestos e paneiros a Alfredo, também encantou-me por essa e por outras imagens altamente singulares. Passei a trabalhar as narrativas dalcidianas (e depois de outros escritores ali presentes) daquele livro em minhas aulas de compreensão e interpretação de texto.<br />
Em 1997, acadêmico na universidade (UFPA), tive o prazer de conhecer a profª Drª Socorro Simões, quando de suas orientações acerca de coletâneas de narrativas populares; ela, entusiasmada (ou seria eu?), cumprimentou-me por eu ser da "terra de Dalcídio Jurandir!". Coincidência à parte, eu estava literariamente rodeado pelo criador do Ciclo do Extremo Norte - fato que aumentou meu interesse. No desfile escolar da Escola Municipal de Santana do Arari (onde eu fui diretor de 95 a 2003), homenageamos Dalcídio Jurandir pela primeira vez (isso, em âmbito municipal); dissemos nos cartazes que o Marajó tinha um grande nome na literatura! A partir de então, professores também começaram a buscar material sobre o tão ilustre escritor.<br />
De certa forma, influenciei amigos a lerem Dalcídio em Ponta de Pedras. Os meus discursos (em palestras, cerimônias de colação de grau, desfiles escolares etc.) falavam da importância do resgate desse autor ímpar da Amazônia - assim vi meu grito ecoar. Mas descobri em seguida que em Belém (e em outros lugares do Estado e até de outros Estados) havia pesquisadores empenhados nos estudos sobre a vida e obra de Dalcídio Jurandir, peço licença para citar alguns nomes como do escritor Benedito Nunes, dos pesquisadores Dr. Paulo Nunes, Drª Josse Fares, Drª Rosa Assis, Dr. Gunter Pressler, dentre outros tão importantes quanto. Gente do cânone literarário brasileiro como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade (este poetou Dalcídio na campa molhada de chuva nascida em Ponta de Pedras e vinda dos campos de Cachoeira do Arari) falaram e/ou poetaram o nome, a obra de Dalcídio Jurandir. Faltava o povo de modo geral, e, especialmente o marajoara, conhecer a obra dalcidiana.<br />
Bem, Dalcídio remou magistralmente nos rios literários, adentrando nas densas matas da floresta encantada dos grandes mestres. Foi, conforme li na revista "Asas da palavra" (Unama) e em outros meios, uma luta árdua empenhada pelo escritor, que talvez chegasse a desanimá-lo; porém, o amor pelo ofício de escritor, o fascínio da urdidura literária em falar do Norte, dos rios, das pessoas, da cultura, por melhor dizer, também brasileira, acordavam o espírito genial desse conhecedor de nossa gente. Assim, nós, abrindo caminho no meio da ignorância popular, presamos por este escritor e por sua singular obra, contribuição artística valorosa para o conhecimento da humanidade.<br />
<br />
<div align="right">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;"><em>Jonas Furtado</em></span></div>
</div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-28628339928469651072012-12-31T16:25:00.000-03:002013-03-27T20:10:15.913-03:00Você me ama mesmo<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhATkWvsEDG76FVkfKDbMECFOFS5zk7N4WF83iK-0Qhw5BRh04TSGKom8S5pWVZvRcvxn8iULCFvTr2EkagXb-Mg0bW9bzyVAIV-CyEa5c_Z5yWNY0Qd3cMQXlkYy2GCOyqLH7IBRPPf4I/s1600/vem.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhATkWvsEDG76FVkfKDbMECFOFS5zk7N4WF83iK-0Qhw5BRh04TSGKom8S5pWVZvRcvxn8iULCFvTr2EkagXb-Mg0bW9bzyVAIV-CyEa5c_Z5yWNY0Qd3cMQXlkYy2GCOyqLH7IBRPPf4I/s1600/vem.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhATkWvsEDG76FVkfKDbMECFOFS5zk7N4WF83iK-0Qhw5BRh04TSGKom8S5pWVZvRcvxn8iULCFvTr2EkagXb-Mg0bW9bzyVAIV-CyEa5c_Z5yWNY0Qd3cMQXlkYy2GCOyqLH7IBRPPf4I/s1600/vem.png" height="200" width="200" /></a><em><span style="color: #666666;"></span></em><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">...vem sentir as batidas frementes no meu peito quando do seu passar por mim... <span style="color: #cc0000;">vem amanhecer sentindo o aroma do dia, da vida, temperado de alegria porque habita em mim...</span> vem ver o por-do-sol mais lindo, sendo linda, o revoar da passarada enfeitando o céu de movimentos e gritos de vidas... <span style="color: #cc0000;">vem acontecer de mistérios quando falamos sérios sobre se você e eu gostamos mesmo assimmmmmmmmmt...</span> vem deixar o seu perfume na sala e encher o resto da casa com sua voz terna e louca, louca, louca, muito louca por mim... <span style="color: #cc0000;">vem imaginar-me no trabalho enquanto imagino você num atalho, conservando nosso caminho quando queremos só carinho e aquele silêncio manhoso...</span> vem ver outro filme comigo, e saber que sou seu companheiro e amigo, que, confuso e pateta, erra o roteiro, esse que você também nem atenção prestou por estarmos presos em nossa própria história... <span style="color: #cc0000;">vem entrar numa loja, diz para a moça atendente que seu amor não quer presente, mas que precisa dormir na sua, que precisa muito de você...</span> vem pedir uma PROVA DE AMOR (sinta o meu calor!) quando já lhe mostrei todas possíveis e ainda assim intento mais, mais esta... <span style="color: #cc0000;">vem sonhar, sorrir, dormir de boca aberta (o que nos resta? AMAR) de tão anjo de mim...</span> vem ordenar que eu seja somente seu (sempre fui, pressinto) mesmo sabendo que já não tenho posse de mim, sendo assim seu, seu namorado, seu noivo inventado e esposo apressado... <span style="color: #cc0000;">vem me dizer que só quer um filho (uma barrigada! RS) quando multiplico-o por dois para convencer você de que o relógio da vida, do amor é movido a carinhos, cuidados, atenções, levezas, responsabilidades de um para com o outro mutuamente: família... </span>vem formá-la do seu jeito para que eu sirva a ela com humildade e apreço... vem dourar com seu ser de luz todos os problemas, pois dessa forma nunca saberemos que os temos (temos o quê?)... <span style="color: #cc0000;">vem - a vida feita só de pão não tem graça - se encantar com os sonhos, me amar sem condição, já que sou seu num infinito de um grito de existência, num infinito estranho de uma bola qualquer no universo...</span> vem que valeu apenas estar e pensar em você, valeram a pena os perigos - , convença-se de que já morri estando vivo, se você não gostasse de mim... <span style="color: #cc0000;">vem que tem na minha lembrança um ser com coração (CORAÇÃO!) de esperança, cuja existência já me era reconhecida de outros tempos remotos talvez - meu Deus!...</span> vem assim, dizendo bobagens, rindo de nada e de si, falando verdades, notando que a vida sem amor é uma viagem insossa com chegada tediosa mesmo quase sem fim... <span style="color: #cc0000;">vem para essa travessia comigo, as ondas são nossas amigas e a praia é logo ali...</span> vem furiosa, teimosa, traz aquele aconchego de colo que sabe que meio sem jeito adoro, porque conhece quando estou alegre, triste ou bravo... <span style="color: #cc0000;">vem viver nesse azul comigo, vamos provar que o amor tem suas próprias razões; quero dizer para sempre que encontrei a minha eterna pessoa certa, minha namorada...</span> vem, vem, porque TEAMO, teamo, teamo, assim: do nada!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<em><span style="color: #999999; font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-56865125008128458652012-12-06T19:24:00.000-03:002012-12-06T19:29:25.737-03:00Lições da vovó<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfChBQe0xpcuj_0eEDnTYW1PILlCmgDDJuCvzepX1E_w_P_XXRz0T3boRWGaUeOe-EAI5KlmOwGYflEP4mG4mcm8nECm-9yYh2YRKzesnHx7c_uxSECpXecFdpwe19KJ2X6eDRu_smbwY/s1600/Li%C3%A7%C3%B5es+da+vov%C3%B3+I.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfChBQe0xpcuj_0eEDnTYW1PILlCmgDDJuCvzepX1E_w_P_XXRz0T3boRWGaUeOe-EAI5KlmOwGYflEP4mG4mcm8nECm-9yYh2YRKzesnHx7c_uxSECpXecFdpwe19KJ2X6eDRu_smbwY/s1600/Li%C3%A7%C3%B5es+da+vov%C3%B3+I.jpg" height="200" width="162" /></a> <br />
<br />
Na pressa, joguei de longe a roupa suja; caiu fora da bacia.<br />
Minha avó:<br />
_ O preguiçoso sempre trabalha mais!<br />
Voltei para apanhar a roupa...<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<em><span style="color: #999999; font-size: x-small;"> Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-25304413652053194952012-11-07T09:16:00.001-03:002013-02-06T19:10:35.663-03:00Antigamente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOX7JhfhzdeDTTGFZyDQZ-O14_m4bzb7pH2AoF9H2TqxolTaB7_zTJpbK941k1DAv49x1kcKkq6oDieO1K5Pa-eRhxzwJIKUuhled5Ol_nulf2aRhi8e2HC4MimNlKeqnHigKILQ-YQ94/s1600/Antigamente.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOX7JhfhzdeDTTGFZyDQZ-O14_m4bzb7pH2AoF9H2TqxolTaB7_zTJpbK941k1DAv49x1kcKkq6oDieO1K5Pa-eRhxzwJIKUuhled5Ol_nulf2aRhi8e2HC4MimNlKeqnHigKILQ-YQ94/s1600/Antigamente.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOX7JhfhzdeDTTGFZyDQZ-O14_m4bzb7pH2AoF9H2TqxolTaB7_zTJpbK941k1DAv49x1kcKkq6oDieO1K5Pa-eRhxzwJIKUuhled5Ol_nulf2aRhi8e2HC4MimNlKeqnHigKILQ-YQ94/s1600/Antigamente.jpg" width="200" /></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em mil novecentos e antigamente se estudava à luz de lamparina; aprendia-se que quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral, e que um coque na cabeça não fazia mal.</div>
<div style="text-align: justify;">
_E ela arriava um cocorote macio no coco do garoto!</div>
<br />
<br />
<div align="right">
<em><span style="background-color: #f3f3f3; color: #666666; font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-19700218682184626752012-10-23T18:36:00.000-03:002013-02-01T21:57:58.203-03:00Mestres do Marajó<div align="center" class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Dó, Ré, Mi,
Fá, Sol... Mestre Antônio Pereira<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div align="right" class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri;">Por Jonas Furtado<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi30hTGk5lyEC5oBX0TDhQrCzzlrMX2ZOlFRNg7QYQ-ZfJwgFUxCzX4tGQo6RLzidHCIcIQPGEYGRZyCeJXdNTy1Q-hERWf7KlDmRbmeAbYRBth7LZhXqIEJW06YtFoTCOpZIr3r3clZC4/s1600/AMAM2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi30hTGk5lyEC5oBX0TDhQrCzzlrMX2ZOlFRNg7QYQ-ZfJwgFUxCzX4tGQo6RLzidHCIcIQPGEYGRZyCeJXdNTy1Q-hERWf7KlDmRbmeAbYRBth7LZhXqIEJW06YtFoTCOpZIr3r3clZC4/s200/AMAM2.jpg" width="198" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1hHmflHcHLcjnjCRSL2UFWubW29rWgkhMxGzRU9f_iuTZOWFtCGLOx0H8btY0jsL7qeNBVs4C2KUy77BEYTlVeWlfMiv8YlYl9n7qTPOfBl2aF31fbxFf4xWHqt2gmTQL-ZuORiBAU0/s1600-h/P01-02-10_08-39.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Calibri;">Foi com um famoso solfejo que o músico Paulo Sérgio Pereira
(o amigo Catita) homenageou o mestre <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Antônio
Pereira</b> por ocasião dos seus 80 anos de uma vida simples, mas poeticamente
musical, construída com muito trabalho e dedicação. O acontecimento se deu na
sede social da AMAM (Associação Musical Antônio Malato) no início do ano
corrente, e se prolongou durante uma semana com festejos e encontros em torno
de uma das personalidades mais importantes para a cultura e para a educação
musical em Ponta de Pedras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1hHmflHcHLcjnjCRSL2UFWubW29rWgkhMxGzRU9f_iuTZOWFtCGLOx0H8btY0jsL7qeNBVs4C2KUy77BEYTlVeWlfMiv8YlYl9n7qTPOfBl2aF31fbxFf4xWHqt2gmTQL-ZuORiBAU0/s1600-h/P01-02-10_08-39.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Calibri;">Mestre Antônio Pereira aprendeu
música com seu pai, um dos primeiros instrutores da banda musical do município,
logo aos dez anos; estudou até o primário do Ensino Fundamental. A música está
em seu sangue; um dos primeiros instrumentos a tocar foi uma viola e um
cavaquinho, e mais tarde aperfeiçoou-se em saxofone e clarineta, dentre outros.
A facilidade com que aprendia música era notada e logo se tornou um dos maiores
e mais dedicados professores de música de Ponta de Pedras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1hHmflHcHLcjnjCRSL2UFWubW29rWgkhMxGzRU9f_iuTZOWFtCGLOx0H8btY0jsL7qeNBVs4C2KUy77BEYTlVeWlfMiv8YlYl9n7qTPOfBl2aF31fbxFf4xWHqt2gmTQL-ZuORiBAU0/s1600-h/P01-02-10_08-39.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Calibri;">Tem como filosofia de vida o
aprofundamento do sempre aprender e conhecer para atingir a perfeição e junto
com isso o respeito. “...sempre foi um exemplo de dedicação e amor a tudo que
faz, vindo diariamente de seu sítio ... para ministrar suas aulas...;
enfrentando todo tipo de adversidade...”, comenta <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Rosiberto de Castro</b>, músico e atual presidente da AMAM. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Calibri;">Quanto a nós, lembro claramente as
primeiras aulas de teoria musical; ainda posso definir o que é música e em
quantas partes ela se divide, aprendi a educar meus ouvidos com acordes sonoros
e metálicos de um saxofone que encanta até hoje minha mente. É como disse o
poeta Ló Martins (em homenagem ao mestre), os instrumentos “... Talvez tocassem
mais uma melodia para homenagear aquele que com sutileza e maestria discorreu
seus dedos e tirou [dos instrumentos] notas repletas de emoção...”. É com
apreço e gratidão que homenageamos também nesta nota esse homem valoroso que é
o mestre Antônio. PARABÉNS!</span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="color: #666666; font-family: Calibri; font-size: x-small;"><em>Crônica publicada pela ocasião dos 80 anos do músico Antônio Pereira</em></span></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-64503539357240895382012-07-24T10:26:00.005-03:002013-03-13T15:38:11.090-03:00É isso<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7YLpNKkxxvm1s5StHnC8r4hp6nCKQ9Sb6gdE3pTWzuxAIuzB5Ph1R5P77c0-pfjvev-hF4j28zYykCYXCfWJAhDsW6yjQqn4IQt0p6buvAZTyjDFAsH753Fi4La3NQTOKLifbvB8D0qw/s1600/Anjo+meu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7YLpNKkxxvm1s5StHnC8r4hp6nCKQ9Sb6gdE3pTWzuxAIuzB5Ph1R5P77c0-pfjvev-hF4j28zYykCYXCfWJAhDsW6yjQqn4IQt0p6buvAZTyjDFAsH753Fi4La3NQTOKLifbvB8D0qw/s1600/Anjo+meu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="141" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7YLpNKkxxvm1s5StHnC8r4hp6nCKQ9Sb6gdE3pTWzuxAIuzB5Ph1R5P77c0-pfjvev-hF4j28zYykCYXCfWJAhDsW6yjQqn4IQt0p6buvAZTyjDFAsH753Fi4La3NQTOKLifbvB8D0qw/s200/Anjo+meu.jpg" width="200" /></a><span style="color: #073763; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dito dúvidas, ela se escorou na porta que se foi abrindo a seu peso.</span><br />
<div style="color: #0b5394; font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Aos tropeços adentrou. Levantou o olhar, houve luz. Sentiu o pulso da vida...</span></div>
<div style="color: #0b5394; font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "Pronto! Invadi seu coração!"</span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;">(Publicado na Agenda Literária 2011 - Literacidade editora: Belém/PA)</span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-58148057582929726332012-06-01T11:21:00.001-03:002012-10-29T18:31:28.325-03:00Dia dos namorados<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKOuSaJlP5S_mQuuKQiqbKtfEi0JrXgsyOcsA3Bocgw_tQJ7VN_6WMCiZ4gVMtEVjcqM-jzpocR87BJq0q98uJKb4TM-05g8FOBD-Lgkd4w-JbxNUAnm9xALsSZlhH5borm2j_grDVAKg/s1600/images2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKOuSaJlP5S_mQuuKQiqbKtfEi0JrXgsyOcsA3Bocgw_tQJ7VN_6WMCiZ4gVMtEVjcqM-jzpocR87BJq0q98uJKb4TM-05g8FOBD-Lgkd4w-JbxNUAnm9xALsSZlhH5borm2j_grDVAKg/s200/images2.jpg" width="200" /></a> Passou pela conversa... e entendera, no tom explicativo da voz feminina, assim:</div>
<div style="text-align: justify;">
"Mor, céu na bolsa!"</div>
<div style="text-align: justify;">
Comprara ela um pedacinho do céu, um mundo de sonhos, para presenteá-lo. Que lindo! - pensou. E passou...</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, decidiu ficar apenas com esse sentido fonemático. E escreveu esta crônica... porque sonhou.</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;"></span></i> </div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></i></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-75516759669823380162012-06-01T11:10:00.001-03:002012-10-29T18:26:27.863-03:00A escolha da farinha<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8KWIaga6BMAe3J8Od2z_6WNisR9EgDIC0vwK1MVWMSGSj85mBhyphenhypheniVx7UoElAHVBFlfExDcysZOlXGW88Lx0-traXyRgyeJw617YsPiQRYppbxzqPrN95ncKeQOc8YeUHIZFC7h2jzyJY/s1600/untitled2.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8KWIaga6BMAe3J8Od2z_6WNisR9EgDIC0vwK1MVWMSGSj85mBhyphenhypheniVx7UoElAHVBFlfExDcysZOlXGW88Lx0-traXyRgyeJw617YsPiQRYppbxzqPrN95ncKeQOc8YeUHIZFC7h2jzyJY/s1600/untitled2.png" /></a> Fora comprar o açaí.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Litro e meio!</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto esperava, notou que havia farinha d'água à venda. Examinou. Dois tipos. Faltaria a farinha para o almoço? Já pensou ter que voltar? Por que não verificou antes?! Na dúvida, resolveu levar também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilLcRiXSPZ1YcM6MROU_x_8D6LTDeW7WVFJl2vaEJKumvFWCWpSbxr-XE_qU7H9SCCS2rTgL9D356HVZDA2it7PDn1a9neFwNQuUBWmGigC3vcdMC9liMpYX_hB4aQUQwe1b_ehETgCmY/s1600/untitled1.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilLcRiXSPZ1YcM6MROU_x_8D6LTDeW7WVFJl2vaEJKumvFWCWpSbxr-XE_qU7H9SCCS2rTgL9D356HVZDA2it7PDn1a9neFwNQuUBWmGigC3vcdMC9liMpYX_hB4aQUQwe1b_ehETgCmY/s1600/untitled1.png" /></a> Voltou a olhar atentamente no balcão os poucos quilos comportados lado a lado. Confirmou: um tipo branquinha branquinha, de aspecto polvilhado, opaca, seca, fina; outra levemente amarelada, todavia com uma tênue vivacidade que remetia a certa crocância característica, que dava ao açaí o exato sabor do Marajó: leve e carregado.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Pronto, seu Zílber. Sete e cinquenta.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Dê-me dois dessa farinha aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não teve dúvida na escolha. O preço? O mesmo. Levaria a melhor.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Garanto que o senhor vai gostar mais desta outra. As aparências às vezes enganam!</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Se o amigo garante, dois então.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Doze e cinquenta tudo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pagou e saiu para casa, pensando no almoço.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo posto. Mesa, corpo e vontade de comer. Prova a farinha. Credo! Ruim ruim! Tinha percebido a cara de doente das pesadas à direita. Bom experiente em farinha, o que as esporádicas lançadas a punho (memorizadamente afinados sabor, cor e textura) no Ver-o-peso lhe ensinaram, dificilmente errava. Escolhera agora uma, e o vendedor lhe recomendava outra! Queria era desempatar a mercadoria, aquele negociante fulo, esperto! Engoliu o bocado. Depois tareou na composição do prato para o agrado do gosto. Fome maior, tempero exato! O açaí era razoável para uma entressafra; mas as farinhas, pensava, não eram do mesmo saco!</div>
<div style="text-align: justify;">
Como era passada da volta do trabalho, acostumou-se a comprar naquela máquina.</div>
<div style="text-align: justify;">
No dia seguinte, deu pausa na iguaria e, pela troca, para o acompanhamento da comida, cozinhou uns poucos piquiás... resquícios de temporada. Mas a farinha, a mesma: ruinzinha ruinzinha!</div>
<div style="text-align: justify;">
Vai que outra vez, caboclo da gema da cuia, passava pela venda em busca do vinho predileto. Notou que os quilos restantes do outro dia não estavam mais lá, no balcão; vendera o astuto batedor de açaí... Solicitou então litro e meio de açaí.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ E a farinha, seu Zílber?</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Não me agradou aquele tipo que o amigo recomendou-me.</div>
<div style="text-align: justify;">
O comerciante sentiu certo despeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Sabe, seu Zílber, o senhor só diz assim porque não provou da outra! - e fechou a cara.</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<em><span style="font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></em></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-23354394534862768272010-11-20T12:55:00.000-03:002010-11-20T12:55:14.066-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWUH0_qIk9vJbg2UAyGHwIqT2xzyP47i1b4YSxbD1tr-1AGEfQ8pYkxgRZIBNOehEFVlwPKGEBvpd765jDclTLguZgcvtKlBEpxk3W-mvbPgZqxLug8sY0VaOfqIXD_f3hT-DYwclBEkE/s1600/Lan%25C3%25A7amento+2010.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWUH0_qIk9vJbg2UAyGHwIqT2xzyP47i1b4YSxbD1tr-1AGEfQ8pYkxgRZIBNOehEFVlwPKGEBvpd765jDclTLguZgcvtKlBEpxk3W-mvbPgZqxLug8sY0VaOfqIXD_f3hT-DYwclBEkE/s400/Lan%25C3%25A7amento+2010.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">(clique na imagem para visualizar melhor)</div>FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-77072185518319288062010-11-02T18:11:00.000-03:002012-10-29T18:37:51.011-03:00IDH<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.blogger.com/" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<a href="http://www.blogger.com/" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img align="middle" alt="" border="0" class="th imgthumb1" height="90" id="imgthumb1" src="data:image/jpeg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wBDAAkGBwgHBgkIBwgKCgkLDRYPDQwMDRsUFRAWIB0iIiAdHx8kKDQsJCYxJx8fLT0tMTU3Ojo6Iys/RD84QzQ5Ojf/2wBDAQoKCg0MDRoPDxo3JR8lNzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzf/wAARCABaAI0DASIAAhEBAxEB/8QAGgAAAgMBAQAAAAAAAAAAAAAAAgMBBAUABv/EAD0QAAIBAgQDAwkGBAcBAAAAAAECAwARBBIhMRNBUQVhgSIyQmJxkaGxwQYUUmOC0SMkQ3IzU4OipLLhwv/EABgBAQEBAQEAAAAAAAAAAAAAAAABAgME/8QAHxEBAQACAwACAwAAAAAAAAAAAAECEQMSMgRBEyFR/9oADAMBAAIRAxEAPwDyuEyHCxkS4bzB6H/lQTH93jBkg8oqNIqsxBFQIkrAAaBYf/aFMOQIwZcY/DJIIW1zYjX31tkuYxKEYPGbMPNgva+n1qYuHJxlzbMQf5fTarR4hNv5zxYD6VGU7lZtes6ihtUw6lpIrZyDGbkYfnpUiJnaWMCTfcQDTQU6ONIlyiOwHIz/ALVP8K9ysAPfKx+VQJMMsgyyxyAA3uIlsamRCMhIcDMBqqDemnhfhg8M5qHhR1IMSsp6YdjRNhCkDQP/ALKizDm3i8dHwdfJi/4w+tTZlHm2/TGtULzhR5737pUH0p/Yms0+vpHmDyHSlFiBcuVI/NQfIU7sM3nm1v5R1BvyFY5PLpw+41LeVXEWojaurzPexe1weExBIIkG1uh61jYkWgzuWvY2235bVs9tSGOBiEDXkAseehrzWOxkxhy/dwAu2UE6V6uHy8HyPei8NiSvZ0EPMgG/K1qKGe18qAjvrPSWcQIRCMiADY1Yj4mQEAXO+hFdu2Onnkyl29plc6lcW3tYD6UBUX1hb9eIojGo0MIt6837GgJjXlhV9t2rm24rGN48OP7pWP1rs0Q2+6D2IW+dEHW1kZf9PD3qQ8rmynEG3qhaDkGbVBcephRRZZd7TD9KrQ5XN+JpbfiTgfAVC8LNa+HB7szmi7E3ENgXe3rTrS2CnQuh9srH5UwqO/8ARh/3qCxGgWcd5dVFAsRKdlU+yNm+ddksL5Tp+So+ZrjIjG1omI5GV3PuFDIBY3jGvTDn6miIZwFJuyW3vJGPpTuwWDTzENfyvxX5Cq2clSC2S3K6LVj7Pkcec6edya99BWOTy68PuNe9z41x3N6S8jcRhbyRqDXISWub15ZHvZPb7hcOcwuOL/8AJrG44VCAuuUgGtX7Rm2HUfnj/qaw0bTau2OO48XN7Nwkjx4GGIKodECm56Cj4sl9ct+dKVl9INbutTBNENoSe9mpcJ/GJG4GUbrhEPfdjTEkJBKTWtyih3pccpAywSD2QYf60RjnbzkxTX/zHCCu7mMmUkqfvLD1mCD41Wd1DebGv98xNSQq6P8Adox60pc114VIUTSeVtwcPlv4miojYs14wCOseHL/ABNO/iCxfj2G2aRIx7t6BhHa8itb8/EWHuWhDw6NEMOW5iOBpD72ogmlizWLwk9OMzn3CpjMbG0aqzbHhwC48TVXF4ySJGIedR0uqW8AL1hxzyccurtdiMxDG9S3TUm3rTFiCLAOB0aYD4LVefBylWORDbuZr+81mL2njMP5srObaK2tFF2z2uZolmjhSMuA7KtzYnlXPtlrbfXHa4kc8eoilRRvZVQfC5pnZmKw+HkmfEzCNS1rsxNzl9lbRxfDW6qD00rL7YvjsMI2YAlgdtKx+Tt+nSYdbt0vb2AQnhNJJb8KW+dU5ftJbSDDeLt9BVVOzI0N2kY+wU0YKFdlJNXpIt5bSBNiO1HdcSoSNWzAovhzqJMCkYuJDvYAjerojI5kXFvCoeG5BNzatRzt3d1nHCnkwqDg2638a0uECd64wkekK0ysmSdxpLinHqrkHxpRVV/xFiHfLKWPuqycPGdXkaT9Rb5aVyYaFW8nDttubD963uMaU+MqGyNz/owj51DiWVgOFITfeST6CtIw22WNR/aW+Z+lEoI8+R7eqAPlapuLpn/dcSpzAQxe1PqapdoLOJEBxJkZgQDn8mw5aVrsI1a+W5671T7QR8RFlETEg3BttU2SM0Hs5RkbPI9rsPw1UnxaRArBCFU+kTc1bHY2KnlLoOFdcrlhYn2U+H7NuBaXEk9cq2rUs+0u/piNqSzMxv1p2DeQzRBQzDOBbU869FF2Bg0AzRmQ+uxNXYcFFAtoY1QdFFqlzmiY/ZYZnA8h1Avvb96lwXVVsQBz51ZEJHKiEWndXGYSOtztUuFa1SI6vCIdKghRWmVPhdxqRF3VZvfSotyHxFAgxabVBjUb2p9h1oCVBsbCqDRyrhigcD0TfX3VNr67d1SNhYV2QMBfltY2oiMoGjHwrigFNVbHQGmoltxQVgo6G3Wuy+29XBHptUqlzcCiqWRu+mKjdD7at8PwrljA3tp30CBHfkaJYx1pjNYHICbdKkBiuZvlQBkHOhY9BemMy+kRYd9JaeNT391ALKWJudByrsttx40EuII8y225qo8rsbM3woLEk0aekCegpRxSWuQfdVRjflY9RUHx0oGSTu+5sO6kF9d/fXNY3oB4eJoN0RaXAo1Ww1Apo5UY2qgEQk7U3hW7u6obQKRpqKPn40HKqge2pygWy3qSB0G9GPNFAor1HstQkZdGI21vQYgn70VucttuVU5dTryAoLrsgGu3Wq805AAW3ztUKBmOg2rtgQNulQKz2uxvfY0DSgjyUA13qMQTxNztSF13oGPlY7k3oAyL/TX36VK7+NKbzwKAZcoNwMoPI0ksetN33pTcqAW21N6WVuenson2oJCRaxNFf//Z" style="cursor: move; margin-top: 0px;" title="http://humortalha.com/category/fotos-e-imagens/page/162/?amp;paged=2" unselectable="on" width="141" /></a><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;"></span></div>
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Seis e meia da manhã. À porta de uma loja (ainda fechada) um homem dormia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">À minha frente caminhava um outro homem com uniforme de gari da prefeitura, arrastando uma dessas lixeiras de rodas. Ele vê o homem deitado; pára. Deixa que eu passe; passo. Olho para trás curioso: não é que aquele servidor público “recolhe” o boné do homem!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Enquanto isso, ...a sujeira aumenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right; text-indent: 54pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666; font-size: x-small;"><i>(Jonas Furtado)</i></span></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-75326552455738219902010-07-02T22:31:00.002-03:002010-07-02T22:31:44.849-03:00Ponta de Pedras está em Tucuruí<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB5BxZdlD9o8iaAEDUCN0QyHz0kbsu6sOt21dCSpbn_DAkAiz5ITAqUh3O5kL62WgInue6_jDSjSF0PDZyxFReDzIrdTyoKQAEnQc84vCSDd7OmD0bBHbA3OG5KxaEO1AY7mXB5m_FrvM/s1600/Diapositivo1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rw="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB5BxZdlD9o8iaAEDUCN0QyHz0kbsu6sOt21dCSpbn_DAkAiz5ITAqUh3O5kL62WgInue6_jDSjSF0PDZyxFReDzIrdTyoKQAEnQc84vCSDd7OmD0bBHbA3OG5KxaEO1AY7mXB5m_FrvM/s320/Diapositivo1.JPG" /></a></div><br />
<br />
O livro "O poeta - novela", de minha autoria, está no III Salão do livro em Tucuruí (ver jornal Liberal 1ª edição do dia 1º).<br />
A iniciativa foi da Casa da Linguagem, ligada ao Curro Velho.FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-24139502580799292322010-06-07T11:01:00.000-03:002010-06-07T11:01:27.440-03:00Atualização...Caros leitores,<br />
<br />
Os meus blogs (Um poeta de Ponta - poesia e prosa) serão atualizados e modificados em julho para que em agosto volte a funcionar normalmente. Uma das modificações será no nome do blog de poesias: deixará de ser "Um poeta de Ponta" (nome do meu 1º livro, em prosa) e passará a ter a denominação de "O poeta" (em referência ao meu livro de poesia/novela). Dentre outras modificações.<br />
Então, aguardem!<br />
<br />
Um abraço a todos.<br />
<br />
JONAS FURTADOFURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-85514567171179406672010-04-10T12:50:00.001-03:002010-04-10T12:50:57.208-03:00"O poeta" - Lançamento-Convite<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAPQfhzv9UBe9gyYswXRak7gwjRubG-muXRuFZrTJ8ZdkwDJKC6_JLdHVJWexXK-oQFKRFkN4FimKcTwxhXKuTNynzNXOBKkfEqgjbQYU6WYxFmI6ql5MXJnC3VzuosL3vg9a0hrTVOrE/s1600/convite_livro_opoeta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="285" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAPQfhzv9UBe9gyYswXRak7gwjRubG-muXRuFZrTJ8ZdkwDJKC6_JLdHVJWexXK-oQFKRFkN4FimKcTwxhXKuTNynzNXOBKkfEqgjbQYU6WYxFmI6ql5MXJnC3VzuosL3vg9a0hrTVOrE/s400/convite_livro_opoeta.jpg" width="400" /></a></div>FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-78323921241598238242010-02-01T11:32:00.003-03:002013-03-13T15:41:03.573-03:00Amor no ar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsmqKbQJbbBIeHut6bV16-fAzcrSIa1nrlyw5jrRVWhdoWXn3sTbxWRCyGg-Il4y6udfDgFucKuihZDksu-IqnqVwO_qEAvVvAmwsXBQNPE7ADJEkYwvMvzdgcd5jv3_-e_UafD_YaeqM/s1600/R_Tower.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsmqKbQJbbBIeHut6bV16-fAzcrSIa1nrlyw5jrRVWhdoWXn3sTbxWRCyGg-Il4y6udfDgFucKuihZDksu-IqnqVwO_qEAvVvAmwsXBQNPE7ADJEkYwvMvzdgcd5jv3_-e_UafD_YaeqM/s200/R_Tower.jpg" width="192" /></a>Tinha conhecimento de que ela estava ao redor, radiante.<br />
<div style="text-align: justify;">
Na sede do município ouvia falar muito bem dela; foi quando, lá, ao passar por uma casa que ela visitava, escutei seu som alto e vibrante. Foi amor à primeira cantada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas fiquei triste porque onde moro não conseguia captá-la; não parei de pensar nela.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia, resolvi esticar o fio, improvisando no cajueiro ao lado: fiquei de antena ligada. Assim, ela entrou em minha casa falando e cantando, altiva, e me encantou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde então não me desliguei mais dela. Todo dia sintonizo a rádio Itaguary de Ponta de Pedras. Que alegria enfim!</div>
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"></span></i><br />
<div style="text-align: right;">
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #999999; font-size: x-small;">Jonas Furtado</span></i></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-46531369744310086312010-01-29T11:33:00.002-03:002013-03-13T15:43:34.351-03:00O velho e o livro<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0QrbXpn1LRum86R53HQbDQkRt8NeiZ7saIuZDdair3HUUdFnKbfHN3UMUP7wQ_ic6spqqlNwQ3vEz4VpO947lh97LkDNeEz3CgYNTDBxG6EGZI8Y_Yl_sS1f_v1HuXSaEpQjzIzTBFR8/s1600-h/Livro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0QrbXpn1LRum86R53HQbDQkRt8NeiZ7saIuZDdair3HUUdFnKbfHN3UMUP7wQ_ic6spqqlNwQ3vEz4VpO947lh97LkDNeEz3CgYNTDBxG6EGZI8Y_Yl_sS1f_v1HuXSaEpQjzIzTBFR8/s200/Livro.jpg" width="200" /></a><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Aconteceu no Centro 4, <st1:personname productid="em Bel←m. Aguardava" w:st="on">em Belém. Aguardava</st1:personname> o resultado de uns exames laboratoriais e, enquanto esperava, observava, ainda que sem interesse algum, a movimentação naquela manhã de nove horas já. Umas conversas numa fila não muito longa adiante; funcionários que chegavam e passavam com papeletas, outros com vassouras e panos de chão...; aquele típico dia de batente numa repartição pública. Eu sentado num banco comprido, recostado à parede; em uma das pontas (quase não notei) também um velho de óculos, trajando camisa branca e bermuda, tinha um objeto debaixo de um dos braços. Num descuido, ele desapareceu (ou eu não dei caso?).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Voltei ao balcão: Sai às dez horas, disse a atenciosa atendente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Resolvi andar para que a paciência não se impacientasse, não fosse embora de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No saguão da entrada, um rosto conhecido..., uma conterrânea. Os raros dias que passava na Capital sempre me revelavam pessoas de minha cidade que vinham estudar, procurar médico (como eu), ou ganhar a vida. Era olhar pela janela dos ônibus e descobrir gente... Agora, essa do posto. Ela primeiro me viu; cumprimentou-me. Estava ali vendendo livros e convidou-me para uma olhadela. Taí algo que me chama a atenção: livro. E sobre a tabuleta uma juntada deles; havia mini-dicionários, revistas, CDs de literatura infantil e até um que ensinava inglês. Folheava uma enciclopédia enquanto a conversa mal fluía. Nisso, o velho reaparece, agora a espiar para a banqueta de livros como a procurar... o quê? Não encontra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eu estava ali para saber do motivo de uma crescente palidez. Sobressalto-me com a <i>ralhação</i> do velho que mostrava um livro que acabara de tirar debaixo do braço; pronunciou um discurso apaixonado em favor desse livro: “Este sim é coisa que se deve ler, um livro nosso, valoroso, conhecedor de gente de verdade,...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Antes que se aglomerassem curiosos, o velho, como veio, se foi... Já recuperado, sentindo o sangue corando minha tez, perguntei a minha conhecida o nome do livro que o tal homem recomendara tão veemente; não sabia ela. Uma senhora, com um sorriso de bonomia, diria até familiar, toca em meu ombro: “Era um Dalcídio, meu filho”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Isso foi pelos idos de 97, 98. Já tinha lido “Marajó” e “Chove nos campos de Cachoeira”. Volto-me para a conterrânea (que nunca ouvira falar de Dalcídio Jurandir, até então) que franzia a testa como a perguntar algo, e então confirmo que o velho estava correto, cheio de razão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 54pt;">
<span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Hoje, quando percebo os esforços dos amantes de literatura, estudantes..., quando vejo surgir associações em torno dos assuntos de nossa região, que tentam somar, resgatar nossa cultura, nossa história..., pessoas com gosto de viver o presente tendo a certeza de já existir no futuro um caminho..., me vem a voz daquele velho, ecoando ainda e sendo de certo ouvida.<o:p></o:p></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-33827987582389318482010-01-29T11:29:00.000-03:002013-03-13T19:29:33.430-03:00Fogo fátuo<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhepjlcQpAmzRznVnjiwDB2dWCSlU-XwjcKiadPyUn75mlq8MUES48nudOZdnRHEdX_6e9HZD_8inUsI4IjQr9ChgdtZwZKPOkSboYXUeSbyu4Xo8xgF-2cX_VaJ2qdXFQKYcuGUfTsnD4/s1600-h/boitata.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhepjlcQpAmzRznVnjiwDB2dWCSlU-XwjcKiadPyUn75mlq8MUES48nudOZdnRHEdX_6e9HZD_8inUsI4IjQr9ChgdtZwZKPOkSboYXUeSbyu4Xo8xgF-2cX_VaJ2qdXFQKYcuGUfTsnD4/s320/boitata.jpg" /></a><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Diz a lenda que uma grande cobra chegou ao município de Ponta de Pedras e mundiou a maior parte dos habitantes. Em pouco tempo, o lugar ficou infestado de cobras menores, também peçonhentas. Esses animais estavam sugando os sustentos que o município recebia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Um dia, a cobra maior começou a se inflamar com os protestos da outra parte da população, descontente com a situação. As revoltas aumentavam e faziam arder as fuças da besta-fera. A chama cresceu e, numa noite fervorosa, incendiou a podridão que assolava, astutamente, a cidade; o fogo pôde ser visto a centenas de metros de distância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">No dia seguinte, todos, ainda aturdidos, comemoravam a quebra do encantamento. Mas estariam livres daquele mal? Enganaram-se.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">As cobras menores agitaram-se em seus ninhos; a víbora ressurgiu das cinzas (mas como não era ave...) no corpo de outra peçonha maior e a história quase se repetia. Quase.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Desta feita, a flama da população continha a magia suprema da força do bem, que detonou as intenções daquele monstro horrível. A cidade se livrou enfim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">E o monstro? Parece, vive como uma mula, botando fogo pelas ventas, dizem que reparando o mal que cometeu. Tem gente que duvida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Batang;">Mas, para que essa catástrofe não volte ao solo pontapedrense, deve-se contar essa história por várias gerações. <o:p></o:p></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-3695740980800293482009-11-30T08:03:00.003-03:002013-03-13T19:31:35.177-03:00Tulê<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<a href="https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQTlGBlHhtJ2REmYbr3VyMfPh_bPRpdxxsXoe3vhRSjGTSdgsUK" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" class="rg_hi uh_hi" data-height="251" data-width="201" height="251" id="rg_hi" src="https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQTlGBlHhtJ2REmYbr3VyMfPh_bPRpdxxsXoe3vhRSjGTSdgsUK" style="height: 251px; width: 201px;" width="201" /></a><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Tipo folclórico aquele garoto que nos acompanhava nas aventuras pelas matas de Santana, de Tartarugueiro ou de Crairu. Muito contador de mentiras, diziam. Dava uma resposta simuladora, dissimulada, assim... de sério rosto e com a voz alta (mas sem grito), fazendo <i>misuras</i> com o rosto e com as mãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Sua primeira façanha surgiu quando teria uns 10 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Jacaré era a alcunha de um dos maiores apanhadores de açaí das redondezas. Certa noite, Tulê ouviu meio de relance os velhos gabando-se do homem ligeiro das palmeiras. No dia seguinte, vindo do mato, o pequeno jurou ter visto um jacaré subido no açaizeiro. A mãe dele, contando o caso, suspirava: “Só o Tulê mesmo com essas histórias”. A próxima dele foi ter sido perseguido por um pé-grande quando colhia bacuri perto do cemitério de Santana: “Eu vi sim!” – terminou ele fazendo bico com a boca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Outra vez, Balado, Tirico, Aparecido e eu resolvemos brincar com ele. Inventamos uma certa boiada que tinha surgido pelas redondezas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">_Tulê, viste então os bois passarem por aqui? – indagou o Tirico com jeito de quem tinha por dentro uma certeza da resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">_ Estão todos lá na beira do rio bebendo água, acabei de vir de lá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">As risadas admiradas jorraram de tamanha cara de pau do garoto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Hoje, atento para as pequenas recordações, concluo que o pequeno mentiroso na verdade era um sonhador, um vislumbrado desse mundo que preferia enfeitar tudo com fantasias, demonstrando assim uma poesia latente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 53.85pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Difícil compreender o ocorrido com ele depois daqueles dias, daqueles anos felizes. Melhor mesmo nem contar.<o:p></o:p></span></div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-58165169605867642302009-11-30T07:59:00.001-03:002013-03-13T19:32:53.405-03:00Nascido na cidade<div align="justify" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhztGPfwAiFdSPBF_9-k2xfS4CR9JJWM7gy5-uD2yOQJZbCNO64ks125tuntnterol-xEjsUjyLlh8RjbrvaxCwVw3Ks_mTRauc7WZYOtXJYENYQKvw7FA9RSAvNw7wovqQ8AfNutapO3Fp/s1600/DSC_0132.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" closure_uid_svnr1a="2" height="132" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhztGPfwAiFdSPBF_9-k2xfS4CR9JJWM7gy5-uD2yOQJZbCNO64ks125tuntnterol-xEjsUjyLlh8RjbrvaxCwVw3Ks_mTRauc7WZYOtXJYENYQKvw7FA9RSAvNw7wovqQ8AfNutapO3Fp/s200/DSC_0132.JPG" width="200" /></a>Eu, com meus nove anos, certa vez li na minha certidão de nascimento: “nascido a 17 de julho... na cidade de Santana do Arari”. Foi um orgulho essa descoberta; passei a ser menino de cidade e não de vila, de comunidade. Era diferente então dos meninos do Tartarugueiro, do Crairu, de Santa Maria, de Porto Santo, porque eu nasci numa cidade, e eles pertenciam as suas comunidades. Comunidades de Santana do Arari.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando íamos brincar de bola no Tartarugueiro, na verdade sentia-me num sítio de Santana. Nada diferente. Mas eu imaginava uma distinção entre a minha cidade e seus interiores. Em alguma disputa mais acirrada, poderia me valer do brio de ser de cidade e eles não, e queria jogar essa na cara dos meninos das comunidades vizinhas, mas sempre amolecia e expulsava essa vontade da minha mente. Algumas pessoas diziam que eu parecia com o finado Rildo; ele é lembrado como um rapaz justo e generoso. Morreu jovem - acidente num jogo de futebol.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só com dez anos e meio descobri que o homem do cartório em Belém, onde minha mãe me registrou, se enganou.</div>
<div style="text-align: justify;">
_Não, o Ediberto Filho não nasceu aqui, seu moço, ele nasceu foi em Santana do Arari mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
E o “seu moço” (porque será que penso no homem do cartório como um ser burocrático, metido a doutorzinho de meia tigela?) assentou “cidade”. Tinha era que ter estudado como eu estudo, o velho. Ou que perguntasse, pesquisasse. Ainda ouço reclamações de pais de alguns amigos meus que o escrevente tinha errado a grafia dos nomes deles. Eles levavam o nome anotado para o carrancudo não cometer “lapsos”. Isso de nome é muito íntimo das famílias. Trata-se de nossa primeira documentação, o comprovante de nossa existência social. Quem não gosta do nome quer trocar. Ainda bem que o meu é o de meu pai. Não troco.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois sim. E o homem sério atrás da máquina datilográfica, em sua praticante ignorância, me deu um ano e seis meses de menino de urbe.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois, fui mesmo aceitando o fato. Santana é só uma vila, uma comunidade do município de Ponta de Pedras. Aliviava-me por não ter debochado dos meninos do Tartarugueiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Antes da chegada dos professores para implantação do Ensino Fundamental, parecia que mais pertencíamos à Cachoeira do Arari, pelas paradas dos barcos no trapiche aguardando a maré, pelo rio Arari... A cuidar, muita gente nossa daqui nasceu em Cachoeira. Porque tinha parente, porque o padre convidou, porque tinha uma nesga de terra acolá para casamento com filho ou filha do lugar. Minha mãe nasceu em Ponta de Pedras, na cidade mesmo. E meu pai era cachoeirense dali do Caracará. Ele veio numa festa do círio de Santa Ana e botou olhos naquela negra arredia. “Pôs olho em mim e não foi fácil!”, gabava-se ela. Acabou cedendo aos galanteios do jovem Ediberto Silva. Ah, isso quase dá fuzuê. Minha mãe tinha outro pretendente, dizia...</div>
<div style="text-align: justify;">
Já eu nasci aqui na comunidade. A dona Joana, parteira velha, foi chamada à boca da noite para ver se eu nascia. “Nasce, sim!”, garantia ela na sua exclamação de sempre sentir a vida uma maravilha única. E era. Mas na dúvida, papai arranjou embarcação para levar dona Marica para Cachoeira. Nem foi preciso; nasci ali mesmo em casa, pelas mãos da velha parteira.</div>
<div style="text-align: justify;">
_Não disse?! Homem!</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, essa de me orgulhar de minha cidade, a maré levou, o vento soprou para os recantos da lembrança quase esquecida. Acho que foi um sentimento de frustração o que senti depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, à medida que eu aprendo e cresço, minha imaginação quer me levar para muitos lugares, outras cidades; e eu vou, ainda que sem sair de Santana.</div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-20605935098723517882009-10-31T19:43:00.002-03:002013-03-13T19:33:59.452-03:00A viagem<div align="justify" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.portalmarajo.tur.br/wp-content/gallery/pontadepedras/Noite%20de%20luar%20na%20praia%20de%20Mangabeira%20-%20Ponta%20de%20Pedras%20-%20PA,%20Por%20Marcello%20Tavares%20da%20Silva.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" id="il_fi" src="http://www.portalmarajo.tur.br/wp-content/gallery/pontadepedras/Noite%20de%20luar%20na%20praia%20de%20Mangabeira%20-%20Ponta%20de%20Pedras%20-%20PA,%20Por%20Marcello%20Tavares%20da%20Silva.jpg" style="padding-bottom: 8px; padding-right: 8px; padding-top: 8px;" width="200" /></a>Álvaro Campos é o meu nome, doutor...? Gabriel, mas pode me chamar de Campos. As pessoas me chamam assim. Pensam que é pelo fato de eu morar no lado do campo; algumas até esquecem o “s”: “Campo”, “Bom dia, senhor Campo”, “Fale com seu Campo...”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como posso compreender o que houve?</div>
<div style="text-align: justify;">
Juro, doutor, que não sofro de nenhum complexo, nem mesmo usufruo de pensamentos mórbidos. Alguns pesadelos de outrora são, hoje, fantasmas bem enterrados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não me assombra mais a cabeça gigante de sombra pintando-se no meu quarto (apenas dormia de mau jeito naquela noite); o velho que carrega criança no saco não passa de brincadeira mítica pra criança obedecer; matinta-perera é pássaro que nunca me afrontou, nem em sonhos sequer; sereia é história de pescador, é lenda, assim como da uiara, do curupira, do boto que vira gente; definitivamente, doutor, dessas tolices estou curado. Cobra-grande existe. Meu padrinho viu uma! </div>
<div style="text-align: justify;">
Brinco com sombras projetadas na parede à noite; arremedo o assobio de qualquer ave e esse negócio de agouro é bobagem das mais puras; formiga dentro de casa, acabo com óleo diesel; presságios relacionam-se ao sexto sentido, acredito. Nunca mexi com os mortos, ah isso eu respeito, questão de dignidade: vou morrer também. Nisso sou cristão. Respeito qualquer religião ou seita. Sempre defendi a liberdade aliada à responsabilidade para que se possa ter uma boa convivência em sociedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso tudo, doutor, não acreditaria no que aconteceu se não tivesse sido comigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Lembro-me de que... Ah, o senhor tem conhecimento... Pois sim. Minha esposa, Suzana é o nome dela, estava de viagem marcada a Belém para uma consulta médica. Sentia dores finas no peito e desconfiava de doença do coração. Difícil Suzana adoecer; sempre tão alegre e disposta. Descarto a possibilidade de ela ser hipocondríaca. Pois bem, na madrugada ela me acordou; tinha já arrumado tudo: sacolas e bolsa. Oraci, nosso filho, também estava pronto. Ele ia com ela. Não fosse o trabalho, eu iria junto. No entanto, eu deveria acompanhá-los até a lancha. Eram mais de duas horas. Suzana é acostumada a acordar cedo. Quando criança (contava ela), ajudava a mãe a lancear e nas despescas do matapi, “a que hora fosse”. Não temos despertador e se temos algum compromisso num horário desses, ela é o nosso relógio.</div>
<div style="text-align: justify;">
Levantei. A luz da lamparina incumbia-se de nos orientar (a elétrica é interrompida sempre à uma, toda noite). Fitei, sonolento, o pequeno Oraci. Ele sorria em minha direção; apenas um lado de seu rosto me era visível. Tateei com os pés a procura de minhas sandálias: nada. Quase joguei o bibelô de gesso no fim do corredor ao passar para a sala: lá estavam as sandálias. Só deu tempo de passar o pente pelos cabelos. Saímos.</div>
<div style="text-align: justify;">
“A rua está um breu!”, disse Suzana. Ainda pensei em algum personagem macabro e terrível do filme de terror a que assisti no “Domingo Maior”. Estaria atrás do muro do campo? Tomamos a Rodovia Mangabeira. Íamos andando apressados em direção à frente da cidade. Em Ponta de Pedras, o senhor sabe, cidade pequena do interior, tudo é perto: se vai a pé. Quando percebi, já havíamos chegado ao trapiche. Despedimo-nos. O “Malato” desatracou (não estava totalmente lotado) e desapareceu no cortinado da noite.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tomei o caminho de volta. No relógio da igreja da praça da Matriz soaram três horas. Poucos passos ouviam-se no escuro. O vigia da feira anunciava com seu apito que estava no seu posto. Prossegui; em frente à Prefeitura notei que o cajueiro ao lado dela formava uma “monstra” sombra no ar, misteriosa – seria assombração? Besteira!</div>
<div style="text-align: justify;">
Desci pela calçada do cemitério (na vinda nem me dei conta de que passamos por ele); talvez devesse tomar a 30 de Abril, cambaria lá adiante e em frente da oficina (trabalho lá) entraria na Itaguari, virando logo à esquerda, na rua em que moro, no lado do campo: na rua do campo, como chamamos; assim como damos apelido às pessoas, as ruas também ganham apelidos e seus nomes ficam no esquecimento. Mas como eu dizia... Não tomei o trajeto planejado. O medo, doutor, já disse, não mais fazia parte de meu parco vocabulário. Continuei pelo cemitério (afinal estava indo para casa!). Antes que a calçada terminasse, cuidei de pegar a estrada (o mesmo caminho da vinda). Caminhava ao lado do cemitério; uma olhadela pelos cantos dos olhos revelou-me algumas cruzes e um gato no muro ou sombra de um. Aumentei o compasso dos meus passos no instante em que ouvi um assovio (assim, mavioso) ecoando em várias direções – alguma ave noturna, achei – não. Seguiu-se outro, e dessa vez tive a certeza de que eram assovios de gente. Repreendi meus pensamentos. Imagens do filme povoaram novamente minha imaginação. Continuei agora mais tenso. Virei à rua de casa e em poucos segundos varei o portão. Por um momento tive a impressão de estar sendo seguido. Abri a porta e entrei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acendi a lamparina; deixei-a no corredor, na entrada do quarto para que ele não ficasse totalmente escuro... Deitei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Deu-me vontade de ir ao banheiro, mas estava realmente cansado. Fiquei relutando e esperando um brusco movimento de meu corpo que me pusesse de pé, quando ouvi o portão ranger. Seria o dono daqueles assovios? Não! Fiquei em alerta. Senti que a porta da frente se abriu e o esperado movimento brusco finalmente me joga da cama. Caminhei com cautela até o corredor: era Suzana de volta, dizendo que a embarcação sofrera pane: “Foi no motor, perto do farol”. Mas, não me lembrava de ter dormido e, no entanto, nem vi o tempo passar. Contemplei por um momento seu rosto, pálido pela luz escassa, talvez. Havia um não-sei-quê de sinistro acontecendo, notei. Ou eu deveria estar mesmo morrendo de sono.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tinha sido uma semana cheia, com dias exaustivos: carrega tábuas, lixa móveis, prega trincos, cola peças; sem contar o barulho ensurdecedor das máquinas serrando, plainando, torneando, furando... Era pra tanto! Vida de marceneiro...</div>
<div style="text-align: justify;">
A bexiga anunciava aperto maior. Aproveitei e fui ao banheiro; difícil admitir que poderia estar com uma ponta de medo. Não! Isso é coisa pra criança. Meu finado avô, doutor, certa vez me disse que “o medo é a gente mesmo quem faz”. Sim, abri a porta dos fundos (o banheiro fica a poucos metros da cozinha, no quintal). A escuridão era intensa; orientei-me pelo costume de sempre ir ao banheiro à noite. Tivesse algumas estrelas, seria de bom grado um presente celeste naquele momento...</div>
<div style="text-align: justify;">
“Isso é coisa pra criança”, pensei novamente no medo que poderia estar sentindo. Enquanto mijava, o apito do vigia da feira me veio à lembrança como que querendo me tirar de um transe: foi assim que percebi que Oraci não tinha voltado com Suzana. Por quê?... Deixei o banheiro e, atarantado como formiga doida, tomei da lamparina e entrei no quarto. Antes que entrasse, eu já perguntava pelo nosso filho. Suzana levantou-se (estava sentada junto ao espelho da penteadeira) e sussurrou “meu coração...” com voz serena “ele viajou...”. A luz encheu seu rosto e fiquei perplexo!</div>
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Não pude compreender o que houve, doutor, mas ela estava sem um lado dos olhos, e os ossos da mandíbula sem a proteção da pele. Acho que desmaiei.</div>
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O que realmente aconteceu, doutor Gabriel? Sonhando profundamente? Mas, era tão real... E minha esposa, meu filho, onde estão? Por que não vêm me ver? E se era só um pesadelo, o que faço num hospital? Fiz uma viagem? Que viagem...?</div>
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_ Acorda, Álvaro. Está na hora. Já estamos prontos! ...</div>
FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-89494518062082878152009-09-06T12:19:00.003-03:002012-06-26T15:52:18.807-03:00Minha infância<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0N6bT9Xud-9zrvl5xlhIrhkKfO8Q744E8P7IDVb_hA57ycaZqHrZirsTdGA7LoeEM6c9cllK5xAdZvULOVN1TG0OospG_Or27Psj0qoJjnPpcsgeUr8Nw3QUBQql4ric75yKnjpm4pMM/s1600-h/23-11-07_180121.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5378376617035021474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0N6bT9Xud-9zrvl5xlhIrhkKfO8Q744E8P7IDVb_hA57ycaZqHrZirsTdGA7LoeEM6c9cllK5xAdZvULOVN1TG0OospG_Or27Psj0qoJjnPpcsgeUr8Nw3QUBQql4ric75yKnjpm4pMM/s320/23-11-07_180121.jpg" style="float: right; height: 198px; margin: 0px 0px 10px 10px; width: 292px;" /></a> Foi um tempo quase desconhecido para mim, não fosse a curiosidade pelos mistérios do mundo a minha volta. Anos 70, começo dos 80. As lembranças me vêm agregadas à saudade; um desejo de reencontrar-me criança invade-me numa esperança de viver novamente aqueles dias fagueiros, de verdades e fantasias; preencher assim lacunas das quais minha memória deixou de se incumbir.<br />
Em minha Ponta de Pedras vivi pontas de sonhos imensuráveis, abstrações que nem a realidade (quase sempre dura como pedra) pode dissipar por completo; e fatos reais misturam-se ao mágico desabrochar do menino na terra querida dos seus avós. Ponta de Pedras sou eu e as pessoas a ponto de encontrá-la sempre menina, sempre princesa em memória de vida... Vejo-me ainda menino, lá no Cucuira, ouvindo os velhos chamá-la de Itaguari! “Dé onde tu vem? Dé Itaguari!” Velhos tempos em que passávamos o dia lá no terreno do finado Binga debulhando açaí e ouvindo casos sem fim.<br />
Lembro como lances fotográficos... Ao redor de mim, as coisas que faziam o coraçãozinho pular veemente por ter vontade de mais e mais viver. Viver as ruas, as casas, as gentes e suas histórias: viver-me!<br />
Uma vez, assustado, corri para minha avó: “Meu coração está batendo!“, aí vinha aquele sorriso cheio de bonomia, clareando o rosto bonachão, querendo me fazer entender que era normal : “ É porque tu tá vivo...”. As justificativas tornavam-se incisivas para que eu parasse de indagar e cada vez mais eu indagava: “Por quê?”.<br />
Minha ‘vozinha. Lembro-me dela fazendo pastilhas de coco para festinha do jardim de infância: “Professora Sônia vai adorar me ver vestido de quadrilha“, com aquele bigode de pó de carvão, “parecendo homenzinho já feito”, de chapéu de palha e calça enfeitados.<br />
O jardim... Meu primeiro amor. Funcionava lá onde é hoje o seminário dos padres. Quanta felicidade: brinquedos, o uniforme quadriculado, as festas infantis e a professora! Uma vez, meu irmão transferiu-se para minha classe com sua autoridade inocente de criança (queria também a mesma professora?). Não teve jeito: ficou transferido! Minha irmã acostumou-se com a dela; íamos os três, juntos, e voltávamos alegres, com a roupa suja do “escorrega-bundas”.<br />
Agora, com meus dezoito anos, lembro e comento do quanto minha cidadezinha mudou! As ruas perderam aquele segredo de levar-me aonde? E o boi do Mangote que fim levou? que não o vejo mais arrastando sua carroça na lida do dia-a-dia. As casas, algumas ainda possuem uns quês antigos do tempo querendo falar através delas; os comércios, as tabernas tinham jeito de começo de século, jeito e cheiro – ainda posso sentir a borracha, o pirarucu, a piranha salgada que vinha do Arari impregnando o ar lá na “Casa da Prosperidade” do senhor “Nemorino”: ele fazia questão de uma cuiona de mingau de milho branco lá da dona “Xixita”. Lembro-me vagamente de outras casas, com fachadas tipo colonial, com seus grandes nomes. Nomes que pareciam querer revelar um pouco de seus donos: “Casa da Beira” e o “Ponto Certo” – os práticos; “Casa Tavares” e “Farmácia Alencar”– os tradicionais; “Canto do Uirapuru” – os poéticos; “Casa Nossa Senhora da Conceição” – os devotos; “King Bar” e “Big Bar” – os modernos...<br />
Por detrás da “Casa Tavares”, os foguetes chiavam e ganhavam espaço, explodindo anúncios de folguedo e arraial, avisando os ribeirinhos do Marajó-açu em dias festivos. Ficava de longe. O estouro me amedrontava; mas acompanhava o trajeto dos rabos vindo mergulhar na água qual ave pescadora atrás do marisco.<br />
As canoas aportavam na rampa, cheias de utensílios artesanais: alguidar e potes, chapéu de palha e esteira, rosquinha e mel... “Compre um potinho de mel pra comer com farinha”; outras, com frutas: banana, pupunha, manga, bacuri, piquiá, cupuaçu e tantas mais que enchiam o ar de “marajoareidade” – como dizia meu tio na sua sabedoria interiorana. E ficava observando as canoas indo e vindo; no meu pensamento, eu as controlava; exceto a maior de todas: o “Raimundo Malato” – o “Barco da Linha”. Às vezes achava o rio pequeno demais para ele. Minha avó dizia que as coisas é que eram enormes para o meu olhar infantil.<br />
Lá no quintal... Tivemos vários quintais; em cada um havia um segredo que eu teimava em não descobrir para não “quebrar o encanto”, apenas vivia-os. Lá, imaginava o mesmo movimento no porto e na feira: os mesmos barquinhos (agora de papel) deslizando na água que escorria da torneira do banheiro ou da enxurrada que molhava todo o terreiro: “tun-tun-tun-tun-tun”. E eles encostavam ligeiros no trapiche imaginário dos meus sonhos.<br />
Moramos no lado do campo de futebol. O barulho das torcidas em dias de jogos enchia-me de um querer torcer também. Mas para quem? “Quem joga? Quem ganha?”; e me empurrava atrás dos maiores, mangueira acima. De lá se vivia a mesma euforia; no entanto, nunca consegui distinguir, daquele ângulo, quem era quem! “O que tu entende de time!?”. Sem falar do quanto eram perigosos aqueles galhos finos; mas o quê? Peraltices não vêem perigos...<br />
De manhãzinha lá ia eu comprar manteiga e pão no seu Raimundo "Prego". Ele: "Quanto?", e mostrando dinheiro: "Isso". Boas-tardes podiam ser ouvidas do “Jereba” que passava na rua com saco de cocos nas costas – “Boa tarde!”- mas eu corria... Ah, quanta saudade!<br />
Outra lembrança inesquecível: a “baiúca” do seu Joaquim. Quase todas as tardes (ou manhãs) lá estava eu com a palavra “Big-bol” na boca; e quando não tinha dinheiro, ele me entregava um. Talvez fosse por isso que sempre o achei com “cara de bom-velhinho”. Localizava-se onde hoje é a casa do Francisco Pereira; depois se mudou para frente do banco, debaixo de um jambeiro frondoso; agora é no “coretinho”, na mesma pracinha. Ainda vende bombons!<br />
Alguns raros domingos, minha tia nos levava (meus irmãos e eu) para a praia – era uma alegria só! Íamos de ônibus. Não sei se era dos famosos “ônibus do Cícero”; deveria ser, pois de lá pra cá nunca ouvi falar em tais com outras designações. Era uma maravilha! O vento soprando no rosto pela estrada, esvoaçando os cabelos finos que me caiam na testa. Deslumbrava-me com as árvores e os campos passando e nem sabia que quem passava era a gente. Praia de Mangabeira: os coqueiros, os ventos, as ondas, a areia, alguns botes passando ao longe, “lá forão” – como disse um colega uma vez. E brincava na água com o sol a pino. Às vezes subíamos e andávamos atrás de mangaba até certo ponto da estrada...<br />
Todas essas lembranças, as histórias e seus personagens reais, tudo motiva o encanto que por Ponta de Pedras sempre guardei; tudo me dá orgulho nessa terrinha, terrazinha que sempre amei. </div>
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<span style="font-size: 85%;">(<em>1º lugar no concurso litário de Ponta de Pedras</em>)</span></div>FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2311789915351931196.post-63132057794677963272009-09-03T17:15:00.003-03:002012-06-26T15:53:51.520-03:00Uma história de boto<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIdmGO1rZqfvuiTmp8ubyZ6Bx0OrKXVCLq7dAeNQhPi0uJ10lhq9oIEK45qpRDE0zEITQIZnxjdrwbIcXn0iDFu8MJ6vyZ0WSYSH6YX35fff6nk1lCCJn0OwxiqQeBV1Vyf9rUic5rDXQ/s1600-h/legends-boto%5B1%5D.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377338730983995058" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIdmGO1rZqfvuiTmp8ubyZ6Bx0OrKXVCLq7dAeNQhPi0uJ10lhq9oIEK45qpRDE0zEITQIZnxjdrwbIcXn0iDFu8MJ6vyZ0WSYSH6YX35fff6nk1lCCJn0OwxiqQeBV1Vyf9rUic5rDXQ/s320/legends-boto%5B1%5D.jpg" style="float: left; height: 245px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 286px;" /></a> “O boto é um animal manso e brincalhão”, exemplifica um dicionário. De fato, ouvi casos no interior onde trabalho que denotam puras fanfarrices desses cetáceos pregando peças na imaginação das pessoas.<br />
E “...altamente inteligente”, diz outro dicionário. Que valha a história que se segue.<br />
O casal de namorados escolheu o trapiche da vila para efetivar o ato que todos comentavam que eles já tinham realizado. “Se há a fama, que haja o feito”.<br />
A noite não poderia estar melhor, propícia para a defloração da planta que se vê em véus: com aquele céu límpido, mas ainda sem estrelas. Um desejo secreto pulsava naquele momento. Do mar soprava uma brisa constante e refrescante. Nenhum barco, nenhum fumante dessas bandas dando uma de pescador para atrapalhar. A menina exalava um calor sensual, e já quase nua esperava pelo gesto instintivo do rapaz que lhe ganhara a feição. Foi quando um estouro de água perto da escada bem debaixo deles deixou escapar um “chuá” que fez o casal mostrarem o amarelo dos pés, interrompendo o ato. O comentário na vila foi de que um boto tinha desaprovado aquela união porque já era enamorado da moça.<br />
Zé Bira foi quem alimentou a história dias consecutivos. O povo aceitou a explicação, mas teve quem seguisse o fato de que Zé Bira fora antes rejeitado pela moça, que não o quis paquerar. Isso foi antes. Passaram-se anos.<br />
E essa história de um boto rondando a casa da menina à noite veio ganhando ares.<br />
A dita cuja, depois de aparecer grávida do namorado, foi morar com ele numa casola de paxiúba na beira do igarapé.. De fato o casal, logo depois do ocorrido naquela noite, não tardou a entrar na vida sexual que tanto desejavam. Tiveram uma linda filha que mais parecia uma irmã gêmea da mãe quando criança, diziam. Tudo se ia como se vai.<br />
E a vida se passava pacatamente quando a mulher começou a definhar: médico não deu jeito! A história do boto que a assombrou quando solteira veio à tona: “O boto está visitando sua mulher, homem” diziam os amigos. O homem armou uma para pegar esse boto. Emprestou a espingarda do primo de Zé Bira e fingiu ir lanternar, ficando à espreita. Chegou a ouvir algo suspeito na água do igarapé perto da casa; o homem preparou a espingarda, no entanto nada viu. Repetiu a infeliz artimanha por mais algumas vezes e chegou a conclusão de que sua mulher estava mesmo era doente: mas nem remédio de médico nem de mestre! Faziam-lhe tudo quanto era chá e banhos, nenhum efeito; e o imaginário coletivo concluiu que fora o boto quem malvadou dela.<br />
Ah, qual mistério se esconde por detrás da índole de tão famigerado bicho? </div>FURTADO, Jonashttp://www.blogger.com/profile/16179309116939665530noreply@blogger.com1