Escrito...

A minha literatura diz e não diz: diz porque, no momento de aspersão inspiradora, (quase) se nota uma fisgada de incomodidade, uma crítica sutil, para que a poesia floresça... Não diz porque as inquietações são dialéticas - parte de cada leitor -, o que se vive, sonha, pensa e sente...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Fogo fátuo

Diz a lenda que uma grande cobra chegou ao município de Ponta de Pedras e mundiou a maior parte dos habitantes. Em pouco tempo, o lugar ficou infestado de cobras menores, também peçonhentas. Esses animais estavam sugando os sustentos que o município recebia.
Um dia, a cobra maior começou a se inflamar com os protestos da outra parte da população, descontente com a situação. As revoltas aumentavam e faziam arder as fuças da besta-fera. A chama cresceu e, numa noite fervorosa, incendiou a podridão que assolava, astutamente, a cidade; o fogo pôde ser visto a centenas de metros de distância.
No dia seguinte, todos, ainda aturdidos, comemoravam a quebra do encantamento. Mas estariam livres daquele mal? Enganaram-se.
As cobras menores agitaram-se em seus ninhos; a víbora ressurgiu das cinzas (mas como não era ave...) no corpo de outra peçonha maior e a história quase se repetia. Quase.
Desta feita, a flama da população continha a magia suprema da força do bem, que detonou as intenções daquele monstro horrível. A cidade se livrou enfim.
E o monstro? Parece, vive como uma mula, botando fogo pelas ventas, dizem que reparando o mal que cometeu. Tem gente que duvida.
Mas, para que essa catástrofe não volte ao solo pontapedrense, deve-se contar essa história por várias gerações. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário