Escrito...

A minha literatura diz e não diz: diz porque, no momento de aspersão inspiradora, (quase) se nota uma fisgada de incomodidade, uma crítica sutil, para que a poesia floresça... Não diz porque as inquietações são dialéticas - parte de cada leitor -, o que se vive, sonha, pensa e sente...

sábado, 29 de junho de 2013

Apresentação

O texto abaixo é a apresentação do primeiro apostilado de poemas meus, reunidos em 2002. Resolvi transcrever aqui, já que não chegou a ser publicado. Como disse antes, este blog é a minha gaveta-net.

          "A ideia de reunir em livro alguns dos meus escritos já era antiga e ganhou força quando do desejo de deixar uma lembrança minha aos colegas do curso de Letras da UFPA, campus de Castanhal, no fim de nossos estudos.
          Então resolvi fazer este livro com escritos que datam desde o primeiro grau até o ano de 1995. Distribuí em duas partes: a primeira, significando ideias, pensamentos, emoções, jogos com palavras dentro da faixa etária dos meus vinte anos; a segunda parte tem como tema as emoções, brincadeiras, reflexões e sensações dentro da perspectiva do inverso (da chuva) condicionando um lirismo ora melancólico ora brincante.
          Falo em "escritos" para deixar ao julgamento do leitor a possibilidade de encontrar neles poesia.
         Muitos outros poemas ainda aguardam a oportunidade de, quem sabe, participar de um segundo livro. Deixo um endereço no final do livro para sugestões, críticas e observações que o leitor queira fazer.

Jonas Furtado

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O mistério da pupunha

            “Ao lado dela se sentou um homem. Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um.”
           http://www.rivalcir.com.br/mensagens/mens2088.html

Essas viagens de barco costumam ser longas; três horas já cansam nos dias de hoje. Fico a imaginar como eram na época das velas - as canoas demoravam um dia inteiro! para chegar a Belém, quando do vento escasso. Ainda bem que pertenço à Era do motor a diesel; polui, é claro... Polui a água onde os peixes moram, polui os ouvidos dos seres do mar, e polui, e polui, e polui. Mas chego mais rápido ao meu destino; se ganha tempo, e se ganha, e se ganha.
Lembrei que em minha mochila havia um saco de pupunha que comprara no trapiche. O rapazote "Pupunha, pupunha, pupunha da boa!" que encheu meus olhos um amontoado, punhado assim, que paguei pela aparência vistosa delas, das pupunhas. Tinha saído sem o café e as iguarias cairiam bem com o servido na embarcação. Levantei pelo café. Andei pelo barco a olhar a paisagem quase já decorada pelas tantas vezes que já vi; quase, porque ainda que saiba a rota, sempre há um ângulo novo, sempre há um novo rio, daí o dia ser diferente. Encontrei a bebida e voltei para o meu assento. Eu não estava com fome; carecia daquele ritual matutino - mastigar algo ajudaria passar o tempo. Levei a mão no saco de pupunha ao meu lado e fui alimentando o pensamento sobre as paisagens. Percebi então, num quase toque de mãos, que uma passageira ao lado também comia da mesma pupunha, do mesmo pacote. Não notara antes a vizinha do lado, até que ela mergulhou a mão para apanhar uma pupunha, da "minha pupunha!" Bom, tudo bem... Tinha o bastante para os dois - era só um desjejum mesmo.
Notei depois que, a cada pupunha que eu também tomava, ela agia com um cordial compartilhamento, o que me deixava entender levemente que ela me fazia um favor comendo do “meu” caboclo lanchinho matinal. Na verdade, era eu quem agia da mesma forma, afinal estava repartindo, numa espontaneidade afável, aquele alimento; aquilo me fazia bem. "Mas por que a viajante do lado não me pedira? Por que não se apresentou? Por que não disse que também desejava comer da pupunha? Será que me conhecia?” Eu? Não, não a conhecia.
O saco ainda meado, ali entre nós, aberto como a ouvir as nossas mentes... Tentava eu imaginar também o pensamento dela; não havia nada de investimento pessoal de ambas as partes - ela só deixava escapar uma doce afeição de simpatia, no que eu também respondia com reciprocidade comedida.
Os goles no café intercalavam as imagens que se formavam na minha imaginação e as frases que daí também brotavam - pupunheiras com poucos espinhos. O sabor seria completo se desse umas bocadas na farinha que só havia em casa, especial feita por mim lá no forno, perto do roçado. E o barco ia, e os minutos também, e as pupunhas desapareciam.
Verifiquei, com os olhos ladeados, as pupunhas. A pupunha! A última que ainda havia, resolvi que seria da minha companheira de refeição. Porém, ela não se servia; o jeito cordial dela me comunicava um favor que simpaticamente eu lhe retribuía. “Deixar a última para mim? Muito justo, já que o dono era eu”, pensei. Mas minha educação familiar me impedia de tocar no fruto que sobrara. Decidi então oferecer a ela. Claro, ela agradeceu, hesitou, mas tomou para si. A conversa atou-se, vaga e fática: viagem boa, baía limpa, céu limpo, manhã ensolarada; soprava um leve *marajó dançante pelo movimento do barco. "Limpa! Limpo! E a fumaça espirrada da descarga?! E o óleo laminando a água?! Limpo estava o meu pacote sem pupunha! No entanto, limpa estava a alma também pela boa ação que deixara acontecer...”
A embarcação finalmente atracava no porto da capital; despedimo-nos. Acredito que por polidez ela entregou-me seu cartão, ou oferecia seus serviços de contadora. Muito atencioso, guardei-o. Ela desapareceu entre os passageiros. Sua descrição aqui não se faz necessária, além da que vagamente já mencionei; acrescento apenas que era uma mulher jovem e educada, simpática. Minha vez de saltar; por algum motivo que me escapou, o embrulho de pupunha, agora vazio, tinha ficado ali no banco entre os dois lugares também vazios. Esse fato me retornou quando eu já ia longe.
Em casa, fiquei na companhia de Kid Abelha que cantava o final de semana feliz "mesmo duro ou com grana". Abri minha mochila para desfazê-la; lá estava o saco de pupunha, imexível! como um ministro de governo. "Meu Deus! Que vergonha!” Amorna meu rosto num enrubescimento crescente. "Então, eu comia da pupunha da vizinha de viagem!" Poxa, um sentimento de débito para com ela, e o pior é que talvez nós nunca mais nos encontremos. Havia jeito? São esses lances estranhos que nos acontecem que nos fazem sentir a vida com uma complexidade irônica, mas gostosamente aceitável, porque nem tudo nessa vida está explicado, nem tudo nessa vida precisa ser explicado. Degustei a pupunha como se fosse minha. "O que ela pensara de mim?" Deve ter me considerado um tresloucado, um maluco viajante sem rumo, sem lenço dentro da mochila e com poucos documentos na carteira: um enxerido! Isso!
Terminei com a mochila e remexi na carteira. Seu cartão! Tinha então a oportunidade de me desculpar. "Comi da sua pupunha, moça. Me perdoe! Jurava ser minha." Do outro lado, a mulher também pedia "desculpa, seu moço!" numa embaraçosa entonação suplicante, a dizer que pagaria as minhas pupunhas.
Até hoje não entendi o que ocorrera. Nem ela. E o mundo todo desanuvia e se entretém apenas nesse mistério.
Jonas Furtado

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Homenagem

Escrito por ocasião da aposentadoria
da colega de trabalho, professora Angelina.
Aqui, represento a voz da amiga para homenageá-la. 

"Aposentadoria chegando... Não quero saber da marca de sandálias que porei nos pés! Elas pouco sabem dos anos tantos de dura andança - trabalho dedicado e aperfeiçoado a cada etapa vencida - por uma educação melhor.
               Não quero saber do adjetivo "inativo"... Porei sandálias novas para novos empenhos. Nada de pendurar as chuteiras (se fosse jogadora de futebol), muito menos guardar os livros (eles ficarão a vista para mais conhecimentos).
               Como professora, vivi tempos de angústia... nem vale a pena lembrar; tempo de alegria... que num livro pode se transformar. Ensinei, aprendi; e o louro dessa lida me vem quando um aluno ou ex-aluno me cumprimenta, quer com um "Oi, professora" - ligeiro pelo dia-a-dia -, quer quando me tomam como nome de turma - honraria aceita por apreço e carinho... Eis o que sou para eles, meus alunos.
               Aposentadoria!
               Ih! Meus colegas... Nem pensar! Talvez um pouco de descanso porque os sujeitos já estão fartos de tanto predicativos que já lhes dei. Mas nossa família Escola mora sempre aqui no coração, pois ela sintetiza numa análise morfosintática as amizades que consquistei. Vou guardar os bons substantivos, próprios ou comuns, simples ou complexos, concretos ou abstratos... eles que se fizeram substância de amor e conteúdo: vida, em minha vida. Já catologuei os adjetivos para melhor usá-los, conforme as transparências amigas... Os numerais, os infinitos pelos sem número de alunos que por mim passaram, porque são hoje multiplicativos da boa fé, porque são cidadãos. Tenho autoridade sobre os verbos, e com eles interagirei sempre com a minha forma de comunicação, mostro estados, qualidades, fenômenos e ações pertinentes. Artigos, pronomes acompanharão e definirão o valor determinado pela pessoa pretérita, presente e futura que sou, ainda que às vezes imperfeita. Preposições, advérbios, conjunções e interjeições atazanarão sempre a minha mente; com eles teço também o fio da meada de minha história.
               Aposentadoria!
               Usarei mais figuras de linguagem para tornar minha vida e dos que ao meu lado estiverem mais poéticas e vivificadas. As ambiguidades ficam na lembrança das brincadeiras dos colegas de trabalho e amigos, o que talvez me faça falta, e assim, por conta disso, apareça aqui (na escola) para perguntar se alguma professora colega 'já deu...', deu sua aula! Deixem molhar o bico!
               Se tenho o que agradecer?!
               Deveras! Minha gratidão segue diária aos céus, a Deus, com certeza aceita minha oração.
               Bem-aventurança aos meus colegas que ficam na labuta, e a todos. Talvez eu até diga ao Jonas que no fundo no fundo eu gosto do 'tia Angeca'...
              E nesse dia de festa, que a permissão me dada para discursar seja condecorada com a felicidade desses alunos que agora tomarão também novos caminhos na certeza de que agora são cidadãos de uma antiga esperança, aquela de um Brasil mais justo e fraterno.
              Obrigada."
 
Jonas Furtado

segunda-feira, 11 de março de 2013

Simbolismo - olhos de mim

Deu com os olhos dela perdidos na sua figura. Ao que percebeu, ela franziu a testa como a disfarçar aquela admiração, deixando a expressão tomar forma na força de um raciocínio que desvendaria a lógica daqueles exercícios. Mas foi apanhado de maduro aquele vislumbre... Não podia ser! E a tentativa de extravio de pensamento mais o fazia ver no desvio dos olhos dela o já impresso estranhamento da cena. Decidiu: seria indiferente àquela claridade que emanava de seu ser dócil e febril, de seu... sua face menina e (...). Tempo dado, exercícios resolvidos; e os dela pela metade... O que consentia a réplica: enganara-se? Uma interrogativa permitia a divagação de mais hipóteses. O que aqueles olhos claros lhe indagavam naquele momento? A que aspiravam? Sua condição era ignota naqueles pensamentos. O que estava acontecendo? Levantou-se a explicar as questões e a turma verificava as correspondências de suas falas com as escritas na folha dos cadernos. Queria ele certificar-se do que agora andava pousando em sua mente; haveria também uma correspondência por parte dele diante da delicadeza e paixão daquelas luminosas claridades, daquele sorriso admirador? Admirador e admirável como nunca fora antes. Assustou-se num atino de que tudo o que pressentia poderia ser apenas um reflexo do que assistia entre o físico e a indefinida música captada naquele instante. Droga! Tudo uma confusão! Se fosse... tarde demais para destrancar as imagens deixadas, porque a chave sorrateiramente escapou para o coração - lugar difícil de controle, lugar de dificílimo acesso. As tentativas de esvaziar a mente, os exercícios de auto-controle, nada produziu a química que arrombaria o esconderijo pulsante da designação... Plantara-se a ideia e ela agora crescia em solo fértil.

Jonas Furtado

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

26 anos sem Dalcídio


                                           O escrito abaixo foi encontrado em meio a alguns documento antigos.
                                          A publicação aqui tende a salvá-lo como lembrança da homenagem da ASPELPP-DJ (feita por mim) quando dos 26 anos de morte do nosso  maior escritor.
 
Olhem eu aqui, pretenso escritor citando o nome Dalcídio, o Dal dos Menezes amigos; Dalcídio Jurandir, cuja fama atravessa os rincões dos campos (queimados ou alagados - terra e água)... Mas, eu nessa história?
          Pois é. Contava, sei lá, 13, 14 anos e aquela música tocava na barraca da dona Xixita (minha querida avó), na feira, em tempo de Círio; aquela canção vinda de um compacto de vinil do meu amigo Itamar anunciava o título "Chove nos campos de Cachoeira" e o nome "Dalcídio Jurandir", que retratava o cenário de Marajó onde nasceu. "Título", "livro"...; coisa que sempre me fascinou: livro! Lia como quem tinha/tem um segredo de mistério por decifrar o conteúdo feito com letras (e gravuras) de um mundo que cabe nas mãos - lia com prazer os livros que emprestava da escola Eureliana Monteiro, ou de amigos; prezava muito os didáticos. Aprendi a ler porque me via, talvez, sozinho e confuso (o que me pareceu depois), mas aprendi a ler principalmente pelos estudos, pelos conhecimentos e, claro, pelo desvendamento de mundos que, como já falei, assentavam no papel.
          Mas, então. Idos tempos, num centro médico em Belém, para uma consulta, uma conhecida - ponta-pedrense como eu (nasci em Belém, bem verdade, mas só porque minha avó confiou na medicina da capital) - vendia num tabuleiro, não de frutas nem de café completo , ela vendia livros, dicionários, enciclopédias. Ela me reconheceu e me chamou; cumprimentei-a e fiquei a olhar os livros, só olhei. Um senhor também dava uma olhadela; depois ele tirou da sacola que trazia debaixo do braço um livro que lançou no ar sem soltá-lo: "Livros, esse sim é coisa que se preze", disse, mostrando um título de Dalcídio Jurandir (possivelmente o "Chove" da Cejup), e terminou com "Este sim é bom e é nosso!". Notei que no tabuleiro da conterrânea não havia nenhum livro de autor paraense - parecia mais ser uma divulgação de grandes editoras de São Paulo e Rio. Esse fato inspirou-me a escrever a crõnica "O velho e o livro".
          Lembro-me de que me deparei pela primeira vez com a obra Marajó na biblioteca pública de Ponta de Pedras - esse fato me levou a escrever o conto "Quando encontrei Dalcídio", especialmente para o II Colóquio Dalcídio Jurandir em Ponta de Pedras, pela Aspelpp-DJ organizado: primeiro lugar; sim, folheando o Marajó me vi vagueando numa vila que muito parecia a minha cidade do meu jardim de infância, e era mesmo! Embrenhei-me na leitura; era, acredito, o único jovem ponta-pedrense que lia Dalcídio, porque no meu meio estudantil, quando eu falava de uma descoberta, de um tesouro num báu imenso (que era a biblioteca, ainda localizada na Prefeitura antes da "Queimada"), ninguém reconhecia o tal escritor, ninguém. E já que citei a Aspelpp-DJ, em janeiro de 2004, a professora Angelina Rodrigues (que fazia TCC na obra de Dalcídio) e eu tivemos a ideia de fundar uma entidade de professores que visassem trabalhar a obra dalcidiana no município e divulgar fora dele; nesse mesmo mês, um grupo de professores fundou a ASPELPP-DJ (Associação de Professores para Estudos Literários de Ponta de Pedras - Dalcídio Jurandir), que segue até hoje em suas funções primeiras e que até então tem sido fundamental para os eventos literários no município de Ponta de Pedras, contando com mais de 20 membros associados.
         Nos concursos literários por ocasião do aniversário de nossa cidadezinha, algumas vezes, lancei-me timidamente com o conto "Um ponta-pedrense sonhador", inspirado na primeira página de Chove; o conto citava os "campos de Dalcídio", e a personagem principal (o menino Beco - sonhador) mais parecia um Alfredo sem caroço de tucumã. Premiado, continuei escrevendo - coisa que já gostava muito de fazer; inspiração não me faltava, dadas as leituras que já tinha feito (e ainda iria fazer).
          Mais tarde, já professor em Santana do Arari, descobri outro livro com contos e poemas de escritores paraenses, lá estava Dalcídio com "O velho e o miritizeiro", que, assim como dera tamanha visão poética de Bibiano no traçado com cestos e paneiros a Alfredo, também encantou-me por essa e por outras imagens altamente singulares. Passei a trabalhar as narrativas dalcidianas (e depois de outros escritores ali presentes) daquele livro em minhas aulas de compreensão e interpretação de texto.
          Em 1997, acadêmico na universidade (UFPA), tive o prazer de conhecer a profª Drª Socorro Simões, quando de suas orientações acerca de coletâneas de narrativas populares; ela, entusiasmada (ou seria eu?), cumprimentou-me por eu ser da "terra de Dalcídio Jurandir!". Coincidência à parte, eu estava literariamente rodeado pelo criador do Ciclo do Extremo Norte - fato que aumentou meu interesse. No desfile escolar da Escola Municipal de Santana do Arari (onde eu fui diretor de 95 a 2003), homenageamos Dalcídio Jurandir pela primeira vez (isso, em âmbito municipal); dissemos nos cartazes que o Marajó tinha um grande nome na literatura! A partir de então, professores também começaram a buscar material sobre o tão ilustre escritor.
          De certa forma, influenciei amigos a lerem Dalcídio em Ponta de Pedras. Os meus discursos (em palestras, cerimônias de colação de grau, desfiles escolares etc.) falavam da importância do resgate desse autor ímpar da Amazônia - assim vi meu grito ecoar. Mas descobri em seguida que em Belém (e em outros lugares do Estado e até de outros Estados) havia pesquisadores empenhados nos estudos sobre a vida e obra de Dalcídio Jurandir, peço licença para citar alguns nomes como do escritor Benedito Nunes, dos pesquisadores Dr. Paulo Nunes, Drª Josse Fares, Drª Rosa Assis, Dr. Gunter Pressler, dentre outros tão importantes quanto. Gente do cânone literarário brasileiro como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade (este poetou Dalcídio na campa molhada de chuva nascida em Ponta de Pedras e vinda dos campos de Cachoeira do Arari) falaram e/ou poetaram o nome, a obra de Dalcídio Jurandir. Faltava o povo de modo geral, e, especialmente o marajoara, conhecer a obra dalcidiana.
          Bem, Dalcídio remou magistralmente nos rios literários, adentrando nas densas matas da floresta encantada dos grandes mestres. Foi, conforme li na revista "Asas da palavra" (Unama) e em outros meios, uma luta árdua empenhada pelo escritor, que talvez chegasse a desanimá-lo; porém, o amor pelo ofício de escritor, o fascínio da urdidura literária em falar do Norte, dos rios, das pessoas, da cultura, por melhor dizer, também brasileira, acordavam o espírito genial desse conhecedor de nossa gente. Assim, nós, abrindo caminho no meio da ignorância popular, presamos por este escritor e por sua singular obra, contribuição artística valorosa para o conhecimento da humanidade.

Jonas Furtado