Escrito...

A minha literatura diz e não diz: diz porque, no momento de aspersão inspiradora, (quase) se nota uma fisgada de incomodidade, uma crítica sutil, para que a poesia floresça... Não diz porque as inquietações são dialéticas - parte de cada leitor -, o que se vive, sonha, pensa e sente...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Conto de língua


O pequeno Aparecido, depois de ler o informativo do conselho escolar de sua escola, foi visitar o professor Zílber. Ao ser recebido, o menino foi logo perguntando:

_Professor, ratificar tem alguma coisa a ver com ratos, é?

O professor fá-lo entrar e, com sorriso aberto, gostosamente foi explicando ao seu aluno:

_Não, Aparecido. Ratificar significa apenas “aprovar”, “validar” – dizia o professor, enquanto servia café com torradas ao atento aluno.

O guri contou que lera o informativo e, como não tinha se deparado com essa palavra antes...

_Bem, agora tem sentido a passagem do artigo “Encontro estudantil” – disse o leitorzinho sorridente, já com as torradas na mão – quer dizer que todos os presentes no encontro aprovaram o pedido de ajuda na reforma da escola proposto pelo presidente do conselho.

_Exatamente. Por falar em artigo, na parte do esporte temos outra palavrinha que não é tão aparecida assim – falou o mestre, pondo a mão na cabeça do aluno – é a palavra retificando, do verbo retificar que significa “consertar”, “corrigir”, “tornar reto”. Esse verbo é parônimo de ratificar.

_Parô o quê? – indagou o aprendiz.

_Quero dizer que essas duas palavras são muito parecidas, mas seus significados são diferentes.

_Ah, sim! “Ratificar”, que é “aprovar” e “retificar”, que é “corrigir”!

_Isso. Além dessas, há várias outras como “descriminar” e “discriminar”, “discrição” e “descrição”, “migrar”, “emigrar” e “imigrar”, e...

_Essas palavras dão trabalho para decorar, professor!

_Que nada – falou o professor, que servia mais uma vez o garoto com café – É só prestar atenção nos contextos em que aparecem e passar a usá-las também, aumentando assim o seu vocabulário.

_Gostei, professor! Acho que depois de ler o próximo número do informativo da escola, vou aparecer aqui de novo.

_Você pode conversar comigo na escola...

_E perder esse cafezinho com torradas?!...


(Publicado no jornalzinho "O Letivo" da Escola de Santana do Arari)



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